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fonte: weheartit |
Isto pode soar triste para vocês, mas se acalmem. Não estou falando exatamente que sou uma pessoa escassa de emoções, aventuras ou coisa do tipo, não, nada disso! Na verdade, eu fui e sou muito feliz com as escolhas que fiz (e ainda faço) todo dia, independente do julgamento que os outros tem da forma como passo o meu tempo. Sabe, eu não sei se isso já ficou claro para vocês, mas eu não sou exatamente o tipo de garoto baladeiro e cheio de amigos fazendo número na agenda do celular. E para muitos, isso pode soar desesperador, mas eu olho para trás e vejo as minhas lembranças e todas, - É até incrível o quanto elas aparecem tão vivas na minha mente - ou ao menos boa parte, parecem ter algum livro no meio. Para dar um exemplo para vocês, pegarei um livro importantíssimo na minha e na de várias outras pré-adolescências da minha geração. Uma história mágica chamada Harry Potter.
Bem, com 11 anos, toda criança da minha época tinha um sonho em comum: Ser um bruxo. Quero dizer, receber a cartinha de Hogwarts provavelmente foi uma das expectativas mais angustiantes que já tive, e dentro do meu coração, isso tinha um motivo muito, muito específico. Eu sempre procurei uma forma de entender os sentimentos que se passavam dentro de mim, uma válvula de escape que pudesse unir todos os meus sonhos e desejos impossíveis e solucioná-los como o final de um conto de fadas. Algo dentro de mim sempre tendeu ao felizes para sempre. Quando me descobri homossexual (Acreditem, para mim foi um estalo. Não houve preparação... Simplesmente aconteceu.) e soube que minha mãe tinha câncer, tudo ao mesmo tempo, eu fui egoísta. Eu não sei, na minha cabeça eu não tinha como achar uma cura pros dois, então para mim, tudo que podia desejar... Era sumir. Não existir ali era perfeito e isso para mim era Hogwarts. No fundo do meu coração, eu queria que este universo mágico existisse, que o livro fosse uma espécie de "Baseado em Fatos Reais" disfarçado de ficção e eu, o sonhador que sempre fui, era uma das poucas pessoas que havia percebido a trambicagem da autora. Esta é uma das minhas melhores lembranças da época. Provavelmente a única boa.
Eu posso contar inúmeras pequenas histórias de mim, diferentes versões do Trinta através dos livros que li. Aprendi a lidar com o amor através da Meg Cabot. A amar o meu interior com a tal da Feiúrinha. A controlar meus próprios demônios com Emily Bronte. A deixar o meu orgulho de lado e sobreviver a minha auto-sabotagem com a Jane Austen. A olhar pros lados e ver beleza em tudo e todos com Lionel Shriver. A acreditar em um futuro melhor com Suzanne Collins. A superar desafios com J.K Rowling. A não ter medo de descobrir a verdade em mim mesmo com o Carlos Heitor Cony. A rir das minhas próprias desilusões com Marian Keyes. A evitar mentiras com Cecily von Ziegesar. A enxergar a fantasia da vida com Garth Nix. A me achar especial com Veronica Roth. A ser infinito com Stephen Chbosky. Eu poderia ter aprendido isso com a vida, mas eu decidi aprender com as páginas. Me machuquei, mas sobrevivi. Sou cheio de cicatrizes na minha pele, mas minha alma é impecável.
Eu hoje tenho vinte anos e estou no ano do "fim do mundo". Eu ainda não tenho tantos amigos perto de mim e ainda sou cheio de problemas. Ainda olho pros lados e me sinto perseguido, sinto falta do passado e acho que minha vida ainda não começou. Deus, há tantos "aindas" que eu tenho que eu me arrepio de medo de nunca conseguir os "jás". 2012 foi um ano especial para mim porque foi o primeiro ano que me senti velho. Não maturo, mas um pouquinho mais perto de encontrar minha ascensão. Eu não sei vocês, mas eu provavelmente não teria sobrevivido até hoje sem meus livros. Eu espero muito que vocês tenham sido cercados de algo que realmente amem. Ainda é a melhor coisa que eu tenho.
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