O Olho do Mundo (Série A Roda do Tempo #1) - Robert Jordan, por Nikos.

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Porque até o Ouroboros se enrola.

Eu sei que eu me assusto com livros grandes e esse DEFINITIVAMENTE não é de bolso (são mais de 800 páginas grandes com letras minúsculas). Mas apesar do tamanho colossal e das informações mal  organizadas, ele conseguiu me prender até o final. E não, não estou reclamando. O livro é bom, só se atrapalha de vez em quando.

Para aqueles que dormiram no ônibus e passaram do ponto, O Olho do Mundo é a primeira bíblia sagrada de uma coleção de (agora) 14 livros. Quando Robert Jordan, o autor, começou a escrever em 1984, iam ser só 6. Mas após o primeiro livro ser lançado em 1990, magicamente esse número dobrou. Sendo que o último volume (o décimo segundo) teve que ser dividido em 3. Porque ele tinha DUAS MIL, QUINHENTAS E QUARENTA E DUAS PÁGINAS...

Por que, ó Senhor do Anéis?

Aliás, o homem morreu em 2007, antes de terminar o último colosso, completado por Brandon Sanderson. O que é justo. Afinal, ele escreveu quase 10.000 páginas de pura sabedoria fantástica. Não sabia que um ser humano poderia ter tempo de vida pra isso tudo.

Pra quem gosta de mapas megalomaníacos...
 Enfim, voltando.

A história desse primeiro livro conta a saga de um grupo de 5 jovens (Rand, Mat, Perrin, Egwene e Nynaeve) de uma terra afastada chamada Campo de Emond e de dois forasteiros de nível épico (Lan e Moiraine), saídos de uma campanha de D&D, tentando chegar em uma cidade mais afastada ainda, chamada Tar Valon.

Ao que parece, o três meninos do grupo estão sendo perseguidos por uma entidade conhecida como Tenebroso, um ser que, ao se libertar de sua prisão (onde está há trocentos anos), dominará o mundo com suas sombras.

Mas se ele é O Coisa Ruim, todo-poderoso, por que raios ele quer alistar 3 meninos comuns no seu exército, você pergunta?

Então o Chifrudo descobriu que um desses três meninos pode ser o Dragão, um cara da Luz que, de tempos em tempos, aparece na Terra quase Média para colocar o Senhor das Sombras pra dormir. Para não correr o risco, antes que um deles desperte o 7º sentido, ele quer conquistar a mente dos três, podendo, assim, tomar sua água de coco em paz.

Para conseguir evitar que a influência do Todo Tenebroso corrompa os meninos, Moiraine, uma profissional da magia, conhecida como Aes Sedai e Lan, seu Guardião, que já estavam sabendo de antemão dos planos malignos do Assombroso, resolveram encontrar ANTES os meninos e levá-los para cidade mágica de Tar Valon (que fica bem longe, claro). Lá, ela conseguiria, com a ajuda de sua irmandade, manter os rapazes em segurança e talvez descobrir mais sobre os planos demoníacos.

Ou seja, uma história de fantasia bacana e bem comum. No longo caminho eles se separam, se reencontram, morre gente, tem guerra, o de sempre. As situações criadas pelo autor são interessantes, muitas delas bem tensas. A atenção dada a cada personagem é algo que merece aplausos da platéia. Todos tem o tempo necessário para que, a cada aparição, você goste mais deles. Você torce por cada um até o fim da história.

E como é um livro de fantasia, as locações não podem ser esquecidas. As descrições são tão detalhadas que até uma pedra conseguiria visualizar as cidades épicas criadas pelo autor. Todas enormes e exóticas o suficiente para agradar o gosto do tolkieano mais chato.

Sim, ele descreve bem.
 Os blocos de história são muito bem divididos. Cada chegada em algum lugar possui um início, um meio e uma conclusão. E todas as histórias paralelas são muito bem alinhadas com a história principal, ajudando o leitor a não se perder.

O livro só tem um problema: excesso de informações que necessitam de conhecimento prévio.

Tá, eu sei que existe um glossário no final. Mas eu não sei o que pensar quando um autor escreve uma obra em que é NECESSÁRIO visitar um glossário a todo momento durante a leitura. Não é para complementar o conhecimento. A história sozinha, sem essas informações, não se basta. Você pode ler o livro todo sem passar pelo glossário? Pode. Mas dessa forma, você só vai pescar 70% ou menos da história. E ainda corre o risco de chegar no final e nada fazer muito sentido.

E o mistério do nome do livro. Leiam e, na área de comentários, nos digam se vocês também acharam que o nome do livro poderia ser qualquer outra coisa, menos O Olho do Mundo. Não vou falar mais nada para não estragar a experiência de ninguém.

Enfim, a história é boa e os personagens são incríveis. Vê-los se desenvolver é uma delícia. As situações vão do tenso ao hilário de forma suave e as descrições de tudo são ricas sem cansar o seu cérebro. O único grande problema foi o autor achar que o leitor já sabia tudo sobre seu mundo antes de começar a ler. Parece que incluiu o glossário para não ficar se sentindo culpado.

Se você gosta (mesmo) de fantasia e não se importa de ficar procurando nas últimas páginas de um livro difícil de manusear o significado de algum termo ou de uma lenda inteira para conseguir entender por completo um capítulo, você não vai se arrepender.

E se você tem preguiça de ler, ficou curioso e sabe inglês, pode ouvir o audiobook com quase 30 horas de duração. Só cuidado para não dormir.

O mundo tá de olho...

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