Feios - Scott Westerfeld, por Trinta.

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As loucuras literárias do ramo sci-fi nunca foram o meu forté. Seja por eu não ser exatamente um trekie ou por minha total ignorância por parafernálias robóticas, – Sério, eu não sei nem o nome daquele robozinho do Star Wars - sempre acabei me desviando do assunto. Entretanto, Feios conseguiu despertar minha atenção no meio da sessão juvenil da livraria, o que com certeza não se deve pela capa “chicklitesca”, mas sim através de uma ideia bastante apelativa para os iludidos de plantão: Serem perfeitos.

Imagine-se em um futuro não tão distante, no qual a antiga sociedade humana se dilacerou com o ápice dos problemas ambientais. Assim, o homem teve que remodelar suas estruturas sociais de uma forma completamente diferente. Através de avanços tecnológicos um tanto controversos, o governo criou uma nova cirurgia capaz de consertar todas as imperfeições físicas das pessoas, seja aquela “supercelha”, uma verruga no nariz, estrias na barriga ou até ossos largos... Tudo. Todos podem ter seus corpos lindos, simétricos, fortes e atraentes. Porém, a transformação só pode ser feita a partir dos 16 anos, quando os cidadãos da Vila dos Feios (onde os adolescentes ainda imperfeitos residem) são levados para uma cidade à parte chamada Nova Perfeição.

Tally Youngblood é uma dessas feias (termo utilizado como uma verdadeira divisória entre classes sociais) sonhadoras que mal podem esperar pelo dia da grande Operação. Para suprir a sua ânsia até o dia de seu aniversário, Tally constantemente vai à Nova Perfeição escondida para espiar a sociedade que tanto admira. Na volta de uma dessas expedições, ela acaba conhecendo Shay, uma garota mais desvirtuada dos ideais da capital. Fato pelo qual a rebelde tenta constantemente plantar na cabeça de sua nova amiga a ideia de fugir dali. Até que um dia, Shay some do mapa, e Tally começa a criar dúvidas sobre o porquê de sua nova colega temer tanto ir para a cidade dos sonhos...

De uma forma geral, o livro tem alguns probleminhas técnicos, como a escrita truncada e os diálogos levemente escassos. Em um caráter mais particular, achei que o romance de Feios não é lá muito convincente, e se você está a fim de ler uma grande história de amor hollywoodiana, COM CERTEZA não é isso que o desenrolar dos acontecimentos irá te reservar. Porém, a criatividade da trama, os twists do enredo, toda a ideia da cidade, os ideais dos perfeitos, as EXPLICAÇÕES do fim do mundo, o preconceito, a separação entre castas – Nossa, todo o contorno criativo da obra é digno de nota. Não pude deixar de me situar entre os feios, me auto degradando mais do que os próprios perfeitos mesquinhos e fúteis procuram o fazer sobre seus inferiores.

O autor Scott Westerfeld possivelmente ainda tem muito a crescer dentro de sua própria invenção. O aprofundamento do caráter dos personagens e a construção de um carisma para seus traquejos como escritor precisam ser mais trabalhados. Mas ainda assim mantenho minhas “estrelinhas críticas” em um bom patamar: 3,5 entre 5 estrelas. Não vou abandonar a série, lerei a sequência, Perfeitos, com prazer – O cliffhanger me ajudou muito nisso – e sinceramente? Uma das poucas sagas que me surpreendeu criativamente.

  
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Um comentário:

  1. eu nunca tinha ouvido falar desse livro! meu conceito de beleza se estabeleceu como sendo muito, muito infinitamente mais do que simetria fácil, mas pra muita gente não é. pra muita gente existe um tipo de beleza só.

    Eu não consigo imaginar vivendo num mundo assim, - principalmente quando isso tudo começa a se formar, e começam a definir uma idéia de beleza estética ideal e todos tendem a ser assim.

    apesar de que, de tantas formas, a gente já vive.

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