Goodreads: Entrevista com John Green (Parte 3 de 3)

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Para desenvolver um livro astuto sobre um tema complexo como a vida de alguém com uma doença terminal, é necessário muito mais do que dedicação e tato, mas também uma entrega emocional ao assunto. Como já vimos nas partes anteriores, o nosso querido John Green não pulou nenhuma dessas etapas para construir esse sucesso chamado A Culpa É Das Estrelas. Merecido, vocês não acham? E o que mais ajudou o autor a desenvolver esse conto de perseverança e altruísmo? Finalizando essa maravilhosa entrevista do Goodreads, o Escolhendo Livros traz mais uma vez para você as palavras do nerdfighter mais famoso do mundo!

                                       Se você não leu ainda a primeira parte, clique aqui. 
                 Mas se é a segunda parte que ficou faltando para você, o clique é bem aqui.
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GR
: Você já disse que o relacionamento de Hazel com o autor fictício de "Uma Aflição Imperial" Peter Van Houten é bem similar com a sua com o Infinite Jest. Me conte mais sobre sua experiência com esse livro.



JG:  Eu li quando eu era um calouro na universidade. Li duas vezes naquele ano. 


GR: Duas? A maioria das pessoas estão mentindo quando dizem que leram a coisa inteira uma vez!



JG: A linguagem é tão nova, vivaz e clara que eu nunca o achei um peso. Como jovens leitores, nós ficamos muito mais confortáveis não sabendo exatamente o que diabos está acontecendo. Isso foi muito importante para mim e teve horas que eu me senti como se estivesse lendo uma escritura, profecia, não apenas uma boa ficção mas algo tremendamente relevante pra minha vida de minuto a minuto. Isso ainda é profundamente relevante, não apenas por ser como eu penso sobre ficção mas também como eu me relaciono com o mundo todas as manhãs. 

Sua ideia de que a obrigação central do ser humano é ser observador e responder aquilo que ele vê empaticamente e compassivamente, o que é está no centro de todos os seus trabalhos na verdade, essa ideia é um dos princípios da minha vida.  

GR: O universo apenas quer ser notado. 

JG: Certo. 

GR: Foi importante para você conservar um fio de esperança nessa história? 

JG: Eu acho que todas as histórias verdadeiras são histórias repletas de esperança. Eu não acho que há espaço para narcisismo entre os seres humanos, eu acho é que é errado. Desculpe, eu quis dizer niilismo. Eu acho que é um erro. Eu não vejo qual o ponto do niilismo.. Assim como os niilistas não devem ver o ponto em nada. 


GR: Vamos falar sobre as suas influências. Para mim, o mundo de John Green passa um sentimento parecido com o de um Holden Caulfield lendo um artigo da Sassy Magazine, mas isso tudo é de um bom tempo atrás. Como você mantém os seus personagens tão contemporâneos?

JG: Eu sou interessado nas culturas da Internet. Sou interessado no que os adolescentes que controlam a cultura da Internet são interessados. Eu sigo suas tendências - Eles vão pro tumblr, eu vou pro tumblr. O que realmente me absorve é o quanto eles são envolvidos em utilizar convenções e ferramentas da internet que nós adultos associamos com o desapego e o desligamento para fins inteligentes. Como pegar GIFs animados do Honey Boo Boo e fazê-los falar sobre macroecon e quotar John Maynard Keynes. São coisas sutís que nós associamos com distrações, mas na verdade são revitalizadoras.  

GR: Você tem algum ritual para escrever? Alguma coisa que você faz para te colocar no clima? 

JG: A única coisa que eu faço é que eu mudo o meu teclado a cada livro.  Normalmente eu faço uma boa pesquisa de campo para comprar um novo. Eu sou muito afficionado pela sensação física de pressionar as teclas. Tem que ter o molejo certo. Eu tendo a achar as teclas embutidas muito insatisfatórias, elas são discretas e não fazem muita coisa - Eu quero me sentir como se estivesse dactilografando.

GR: O que você está lendo no momento?

JG: Eu realmente estou tentando acabar com Wolf Hall da Hilary Mantel. Eu estive o lendo já por algumas semanas, é realmente bom, mas tão longo! 

GR: E que vlogs você tem visto?

JG: Bem, eu tenho trabalho em vídeos educacionais com o Youtube agora,  então boa parte dele são educacionais. Eu vejo Minute Physics, eu gosto bastante de  Vi Hart. Também vejo CGP Grey  ele faz essas animações bizarras que explicam como as coisas funcionam. 

GR: Além de Infinite Jest, tem algum outro livro que realmente influenciou você? 

JG: Ao crescer em Orlando, eu tive um relacionamento bem forte com Zora Neale Hurston e Their Eyes Were Watching God. Eu acho que nós tivemos que a ler para a escola na quinta série e eu realmente gostei e procurei ainda mais por coisas do gênero. 

GR: Uma pergunta que segue a mesma linha da usuária do Goodreads Maddison: "Qual é o livro que você pode ler de novo e de novo e nunca se cansar?" 


JGGatsby. Eu não me canso dele nunca. 



GR: Pergunta final: O que você irá fazer quando o seu filho crescer e se apaixonar por uma pixie dream girl maníaca? 

JG: Ha! Eu o farei pegar em Looking for Alaska e contarei para ele que essa ideia de um ser humano que é mais do que um ser humano é uma ideia errada e que no fim não ajuda nem a ele e nem a pessoa que ele tanto imagina. Esse pensamento tem sido inserido tão forte na cultura americana, e como alguém que escreve sobre pessoas jovens se apaixonando, eu sinto como se eu não pudesse ignorar isso. Mas eu tento esclarecer que a vida funciona melhor quando nós pensamos em pessoas como pessoas.    
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Gostou da entrevista? E isso não é nada! Fique ligado que sempre traremos matérias exclusivas especialmente para os nossos queridos leitores!

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