Para desenvolver um livro astuto sobre um tema complexo como a vida de alguém com uma doença terminal, é necessário muito mais do que dedicação e tato, mas também uma entrega emocional ao assunto. Como já vimos nas partes anteriores, o nosso querido John Green não pulou nenhuma dessas etapas para construir esse sucesso chamado A Culpa É Das Estrelas. Merecido, vocês não acham? E o que mais ajudou o autor a desenvolver esse conto de perseverança e altruísmo? Finalizando essa maravilhosa entrevista do Goodreads, o Escolhendo Livros traz mais uma vez para você as palavras do nerdfighter mais famoso do mundo!
Se você não leu ainda a primeira parte, clique aqui.
Mas se é a segunda parte que ficou faltando para você, o clique é bem aqui.
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GR: Você já disse que o relacionamento de Hazel com o autor fictício de "Uma Aflição Imperial" Peter Van Houten é bem similar com a sua com o Infinite Jest. Me conte mais sobre sua experiência com esse livro.
GR: Você já disse que o relacionamento de Hazel com o autor fictício de "Uma Aflição Imperial" Peter Van Houten é bem similar com a sua com o Infinite Jest. Me conte mais sobre sua experiência com esse livro.
JG: Eu li quando eu era um calouro na universidade. Li duas vezes naquele ano.
GR: Duas? A maioria das pessoas estão mentindo quando dizem que leram a coisa inteira uma vez!
JG: A linguagem é tão nova, vivaz e clara que eu nunca o achei um peso. Como jovens leitores, nós ficamos muito mais confortáveis não sabendo exatamente o que diabos está acontecendo. Isso foi muito importante para mim e teve horas que eu me senti como se estivesse lendo uma escritura, profecia, não apenas uma boa ficção mas algo tremendamente relevante pra minha vida de minuto a minuto. Isso ainda é profundamente relevante, não apenas por ser como eu penso sobre ficção mas também como eu me relaciono com o mundo todas as manhãs.
Sua ideia de que a obrigação central do ser humano é ser observador e responder aquilo que ele vê empaticamente e compassivamente, o que é está no centro de todos os seus trabalhos na verdade, essa ideia é um dos princípios da minha vida.
GR: O universo apenas quer ser notado.
JG: Certo.
GR: Foi importante para você conservar um fio de esperança nessa história?
JG: Eu acho que todas as histórias verdadeiras são histórias repletas de esperança. Eu não acho que há espaço para narcisismo entre os seres humanos, eu acho é que é errado. Desculpe, eu quis dizer niilismo. Eu acho que é um erro. Eu não vejo qual o ponto do niilismo.. Assim como os niilistas não devem ver o ponto em nada.
GR: Vamos falar sobre as suas influências. Para mim, o mundo de John Green passa um sentimento parecido com o de um Holden Caulfield lendo um artigo da Sassy Magazine, mas isso tudo é de um bom tempo atrás. Como você mantém os seus personagens tão contemporâneos?
JG: Eu sou interessado nas culturas da Internet. Sou interessado no que os adolescentes que controlam a cultura da Internet são interessados. Eu sigo suas tendências - Eles vão pro tumblr, eu vou pro tumblr. O que realmente me absorve é o quanto eles são envolvidos em utilizar convenções e ferramentas da internet que nós adultos associamos com o desapego e o desligamento para fins inteligentes. Como pegar GIFs animados do Honey Boo Boo e fazê-los falar sobre macroecon e quotar John Maynard Keynes. São coisas sutís que nós associamos com distrações, mas na verdade são revitalizadoras.
GR: Você tem algum ritual para escrever? Alguma coisa que você faz para te colocar no clima?
JG: A única coisa que eu faço é que eu mudo o meu teclado a cada livro. Normalmente eu faço uma boa pesquisa de campo para comprar um novo. Eu sou muito afficionado pela sensação física de pressionar as teclas. Tem que ter o molejo certo. Eu tendo a achar as teclas embutidas muito insatisfatórias, elas são discretas e não fazem muita coisa - Eu quero me sentir como se estivesse dactilografando.
GR: O que você está lendo no momento?
JG: Eu realmente estou tentando acabar com Wolf Hall da Hilary Mantel. Eu estive o lendo já por algumas semanas, é realmente bom, mas tão longo!
GR: E que vlogs você tem visto?
JG: Bem, eu tenho trabalho em vídeos educacionais com o Youtube agora, então boa parte dele são educacionais. Eu vejo Minute Physics, eu gosto bastante de Vi Hart. Também vejo CGP Grey — ele faz essas animações bizarras que explicam como as coisas funcionam.
GR: Além de Infinite Jest, tem algum outro livro que realmente influenciou você?
JG: Ao crescer em Orlando, eu tive um relacionamento bem forte com Zora Neale Hurston e Their Eyes Were Watching God. Eu acho que nós tivemos que a ler para a escola na quinta série e eu realmente gostei e procurei ainda mais por coisas do gênero.
GR: Uma pergunta que segue a mesma linha da usuária do Goodreads Maddison: "Qual é o livro que você pode ler de novo e de novo e nunca se cansar?"
GR: Pergunta final: O que você irá fazer quando o seu filho crescer e se apaixonar por uma pixie dream girl maníaca?
JG: Ha! Eu o farei pegar em Looking for Alaska e contarei para ele que essa ideia de um ser humano que é mais do que um ser humano é uma ideia errada e que no fim não ajuda nem a ele e nem a pessoa que ele tanto imagina. Esse pensamento tem sido inserido tão forte na cultura americana, e como alguém que escreve sobre pessoas jovens se apaixonando, eu sinto como se eu não pudesse ignorar isso. Mas eu tento esclarecer que a vida funciona melhor quando nós pensamos em pessoas como pessoas.
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Gostou da entrevista? E isso não é nada! Fique ligado que sempre traremos matérias exclusivas especialmente para os nossos queridos leitores!
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