Ah... o amor. Tão belo, poético e hiperglicêmico. Já dizia a frase feita: "O amor está no ar". Mas sinceramente, não é só nele que ele está (até rimou!). O amor está nas famílias, no trabalho, na escola, nas paisagens turísticas, nas lendas, na religião, nos contos populares, nas mais esdrúxulas mentiras, nas fofocas da vizinha, nas traições passionais, nas poesias melosas, nas propagandas publicitárias, nos acordos pré-nupciais, nas letras de música, nos homicídios culposos, nas comédias românticas de baixo orçamento e, para o que mais nos convém no momento, na literatura. No entanto, por mais que tenhamos muitos exemplos de livros em que o tema amor é despretensiosamente abordado na trama, não vamos nos enganar: Amor é best-seller. E isso definitivamente fala algo sobre nossos hábitos literários.
Acho melhor começar esse post falando que essa não é uma crítica aos livros românticos. Seria muita hipocrisia da minha parte tomar esse partido, principalmente com tantas resenhas desse site falando bem de obras do gênero. Eu AMO romances. Sim, sim, me refiro aos romances "românticos" e não ao romance como estilo narrativo - a dita composição em prosa. Minha estante vai de Meg Cabot a Stephen King, então tenha plena e absoluta certeza que essa não é a questão. O papo aqui é outro e está muito mais relacionado ao porquê de nós gostarmos TANTO de romances do que há qualquer questão de qualidade narrativa ou esteriótipos literários. Talvez se olharmos para a história, isso fique mais claro.
Não é mistério para ninguém que obras românticas sempre fizeram muito sucesso no meio popular. Se voltarmos para o século XVI, observamos as poderosas tragédias românticas de William Shakespeare que arrebatam até hoje multidões de fãs, principalmente se mencionarmos a obra-prima (categorizada como "a história de amor por excelência") Romeo e Julieta. No século XX, os folhetins franceses também abusaram de histórias de amor com mocinhas inocentes, galantes heróis e terríveis vilãs, criando um formato narrativo feito para as grandes massas. Só no Brasil, temos o inocente A Moreninha do autor Manuel Antônio de Almeida e o fofo Senhora de José de Alencar, que até hoje são considerados clássicos do gênero no território nacional. Poderia citar outras inúmeras obras mundiais de diferentes cenários históricos que abordam o amor, mas acredito que não seja preciso tantas voltas para afirmarmos que nós temos um grande interesse em histórias de amor. Mas por quê?
Talvez a melhor resposta que eu consiga dar, levando em conta a humildade de minhas intenções, esteja na expressão "a vida imita a arte". E o amor, como arte, é o que mais desejamos na nossa vida. Desde criança, somos acostumados a escutar contadores de histórias narrando belos contos de fadas, nos quais a gata borralheira conquista o príncipe encantado e ambos vivem felizes para sempre em um castelo de cristal. Então a pergunta que fica é: Seria culpa dos livros o nosso vício neste amor idealizado ou seria nossa culpa o abuso do amor como tema literário? A resposta eu não sei, mas que a indústria literária se alimenta dessa questão cíclica ao estilo "ovo ou galinha?", isso é fato.
O que eu realmente gosto de acreditar é que, por mais que o amor possa ser utilizado como um elemento caça-níquel, ainda há muitos autores que o abordam com propriedade e paixão em seus trabalhos. Eu já escutei muitas pessoas falando mal de best-sellers como A Culpa é Das Estrelas, E Se Eu Ficar e O Lado Bom Da Vida, e talvez eles realmente tenham os seus motivos (eu, particularmente, acho ACedE bem legal), mas é sempre bom perguntar a si mesmo antes de fazer qualquer juízo de valor - será mesmo que eles são livros feitos só para vender? Amor é best-seller, mas isso não significa que um forte valor comercial possa desvalorizar a qualidade técnica de uma obra. Vamos parar de criticar obras pela "visão mercadológica", mas sim, pela nossas reais impressões sobre ela.
Acha que eu só falei besteira e que o amor, hoje em dia, só dá material para livrinho sem valor? Não deixe de comentar sua opinião para tornar esse diálogo interessante. Se há uma coisa que eu gosto é ser contrariado... Sabe como é, só assim para eu aprender alguma coisa.
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E se na triste realidade... |
O que eu realmente gosto de acreditar é que, por mais que o amor possa ser utilizado como um elemento caça-níquel, ainda há muitos autores que o abordam com propriedade e paixão em seus trabalhos. Eu já escutei muitas pessoas falando mal de best-sellers como A Culpa é Das Estrelas, E Se Eu Ficar e O Lado Bom Da Vida, e talvez eles realmente tenham os seus motivos (eu, particularmente, acho ACedE bem legal), mas é sempre bom perguntar a si mesmo antes de fazer qualquer juízo de valor - será mesmo que eles são livros feitos só para vender? Amor é best-seller, mas isso não significa que um forte valor comercial possa desvalorizar a qualidade técnica de uma obra. Vamos parar de criticar obras pela "visão mercadológica", mas sim, pela nossas reais impressões sobre ela.
Acha que eu só falei besteira e que o amor, hoje em dia, só dá material para livrinho sem valor? Não deixe de comentar sua opinião para tornar esse diálogo interessante. Se há uma coisa que eu gosto é ser contrariado... Sabe como é, só assim para eu aprender alguma coisa.
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... Pudéssemos ter o nosso dia no baile? |
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