As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky, por Trinta.

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Querido leitor, 

O dia está lindo lá fora, com aquele solzinho fraco feito para quem não deveria estar fora da cama, e mesmo assim, cá estou eu preso no trabalho com vontade de escrever. Quando eu postar isto, provavelmente já será bem mais tarde e o tempo já terá mudado, assim como o vazio que anda no meu peito e todas as frivolidades instáveis típicas do dia-a-dia; Seja os ônibus que passam quando espero na parada para finalmente poder voltar para casa, as bananas carameladas que a Antônia faz de sobremesa porque sabe que eu adoro doces ou até a felicidade que me bate quando ligo o som e ainda está pausada na música que eu já queria ouvir de novo. Wouldn't it Be Nice, dos Beach Boys. Você não, simplesmente, ama essa música? Pois eu sim. E é com este feeling que eu sinto que estou preparado para falar de um livro íntimo - Uma pequena terapia chamada As Vantagens de Ser Invisível.  

Se você não é um Charlie em si, então ao menos deve conhecer um. Ele é aquele garoto calado e introspectivo que você provavelmente esquece que existe quando está por perto - Ou se abre com uma facilidade abusiva graças a sua ~habilidade~ de ouvir. É, é exatamente isto: Charlie é um espectador. Ele vive das coisas que vê, escuta e absorve, e por mais que ele não abra muito a boca para opiniar, Charlie guarda uma voz realmente sábia dentro de si, uma voz que temos o prazer de conhecer graças a está série de cartas que  resolve mandar para um "amigo" ouvinte - E apenas ouvinte. Nestas cartas, o personagem conta a sua rotina no colégio, seus desejos de ter um amigo, suas novas experiências, confidências e todas aquelas coisinhas adolescentes que nós já conhecemos.A grande surpresa é que não a nada a esconder aqui. Não a uma adolescência fantasiosa em que tudo é escrito em uma versão censurada para passar na tv aberta. Há sexo, palavrões, mentiras, defeitos e decepções. Em suma, 90% do que este período de vida costuma conter.

É engraçado como eu vejo por aí um bando de gente falando que As Vantagens de Ser Invisível é um livro melancólico e "cinza", quando o relacionamento que criei com ele foi tão... Quente. Eu devo estar soando como uma professora de artes plásticas, mas é a melhor definição que consigo encontrar. Sabe quando você está passando por alguma coisa chata na vida, o término de um relacionamento ou uma briga com seus pais e decide fazer alguma coisa para poder... Esquecer disto? Eu criei esse vínculo com Charlie (chamarei assim o livro porque para mim, ele é uma pessoa. A pessoa. Não um objeto ou uma história; sim, uma personalidade.). Tanto é que eu não o li desenfreadamente como os outros livros, mas o guardava para momentos especiais. Eu sempre o parava, e não porque não estava gostando, mas porque eu achava que precisava estar no momento certo para isso, logo, fiz um sistema: Lia Senhor dos Anéis até eu me sentir "Charlie", aí voltava para Vantagens. Como eu havia dito, é uma terapia. Uma bem específica (e sem horários fixos).  

Perks of Being A Wallflower pode nos dar a impressão de que é um livro infantil no seu comecinho - como o próprio personagem diz, ele "escreve como fala", então não espere nenhum discurso freudiano - porém depois de alguns capítulos, dá para perceber que a ideia é nos aproximar de Charlie, como se fossemos o próprio "amigo" de suas cartas. O mais legal é que o autor não sai da plataforma do que nos conhecemos. Todas as coisas que você irá ouvir de Charlie nesse livro são bastante próximas ao nosso universo, como, por exemplo, a dor da perda de um membro da família, a dificuldade de se aproximar das pessoas, a inconstância do  primeiro amor, o prazer de conhecer a literatura, a música, de tudo um pouquinho. 

Mas eu encontrei no livro um segredo. Pelo menos eu acho que é um - Ele é infinito. Quando digo isso, quero dizer que ele se prende aos momentos. Você não vai exatamente se lembrar da cronologia certinha da história, do que aconteceu ou das atitudes de cada personagem, nah. As lembranças que eu guardei foram de fotos, flashes, aqueles momentos que parece que não podem - e devem - terminar. Como as interpretações de Patrick em Rocky Horror Picture Show, o livro preferido de Mary Elizabeth, as impressões que o professor Bill tinha sobre O Sol é para Todos ou a  ideia de simplesmente levantar o capô do carro, se levantar e sentir o vento batendo contra a pele.  São momentos que você não pode ser passivo e apenas viver...Mas participar (Não há coisa mais discutida nesse livro do que isso). Com um sorriso no rosto.


Imagem: lovingperfectly




Com amor,
 


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