"Julius Brown perdeu seu emprego de meio período porque Andrew Ryan se embebedou e perdeu o controle, porque Jacqueline Carstairs escreveu uma crítica cruel do restaurante porque o filho dela foi espancado num dia de neve algumas semanas atrás, porque Xavier fracassou em sua tentativa de interferir e ajudar. Mas como Julius ou qualquer outro sabe, ele só foi despedido por deixar um prato cair no chão."
Sabe aquela história de que a vida é um ciclo infinito de ações e reações? Este livro não é sobre isso. Calma, eu não vou te culpar por ter chegado a essa conclusão após ler o trecho acima, porém, te jogarei de volta essa pergunta - Você realmente o leu com atenção? Trinta segundos para você o reler e pensar um pouco no que há de diferente neste excerto em comparação com aquela velha dinâmica do Fulano/Cicrano.
Time's Up!
Mark Watson, autor britânico de Onze, pegou a terceira lei de Newton e inseriu um elemento realista dentro da equação: "Toda ação tem um reação - o que não significa que seja para você mesmo. " A física adaptada de Eleven traz uma idéia de que nem tudo na sua vida é culpa de seus próprios erros, mas muitas vezes (Na verdade, na maioria) dos erros dos outros. Esse cenário é montado através de onze histórias que poderiam facilmente ser vistas como independentes uma das outras, senão acontecesse um certo momento, aquela hora, minuto, segundo em que elas acabaram se tocando - e inevitavelmente, destruindo toda o caminho que havia sido feito antes.
O elemento inicial de toda essa corrente de ações é representado pela vida do personagem Xavier Ireland, um radialista solitário que leva a vida com o mínimo de riscos possível. Sua concepção de vida é bem clara quanto a essa questão: Quanto maior a distância de seus problemas para com os dos outros, melhor. Curiosamente, seu programa de rádio da madrugada nada mais é do que um espécie de Central de conselhos para as almas oprimidas - Algo que ele acredita ser uma contribuição boa o suficiente para a sociedade. Ao mesmo tempo, inúmeras outras pessoas vivem na cidade de Londres, como a vizinha de baixo de Xavier, Mel, uma mãe recém-divorciada com um pesti-filho para criar sozinha, ou também Julius, um garoto pobre e obeso que trabalha em um restaurante para pagar a sua tão almejada academia. Todos os outros pequenos contos inseridos dentro do livro podem parecer completamente aleatórios no começo do livro, mas se mostram como perspicazes abordagens para uma rede de vidas que não são tão privadas quanto eles mesmo imaginam.
Em uma leve mistura de narrativas que podem facilmente ser relacionadas com as dos filmes Simplesmente Amor (Love Actually, 2003) e Corrente do Bem (Pay it Forward, 2000), o livro acerta na construção dos personagens carregada de um humor ácido que deve ter saído naturalmente da lábia de Mark Watson, que além de escritor é o apresentador dos aclamados programas de televisão ingleses We Need Answers e Never Mind the Buzzcocks da BBC. O programa de rádio de Xavier também ganhou os contornos certos devido a experiência do autor com o ramo da rádio, já que ele também apresenta o programa radiofônico Mark Watson Makes The World Substancially Better, da estação de Rádio 4. Outro ponto positivo foi a personagem Pippa, uma adorável e eloquente faxineira que consegue arrancar umas boas risadas com o seu jeitinho "Estou-pouco-me-lixando-se-você-não-quer-ouvir-sobre-isso-mas-vou-falar-mesmo-assim". É provavelmente uma das mais complexas de todas as outras onzes que narrou com maestria. E só pra deixar bem claro: A comparação com Um Dia que a Rai Editora - ou melhor, a Cosmopolitan fez - faz sentido, então não precisa jogar pedras no setor de Marketing deles.
Bom, acho que esse livro não me conquistou. Achei bem longe do que eu gostaria de ler.
ResponderExcluirBeijão