Existem alguns detalhes que viajantes nunca podem se esquecer: não leve peso demais, apenas o necessário em sua mochila (afinal, nunca se sabe quando você precisará correr de um lobo ou coisa pior); comida e água são essencias - mas apenas o que realmente alimenta e hidrata. Nada de porcarias. Algumas ferramentas podem ser úteis (se forem mágicas, melhor ainda!). Ah, se você não possuir uma bússola ou mapa, as coisas podem ficar complicadas. Mas, a principal coisa que deve ser levada por um viajante, é a coragem - a ousadia. Essa sim é a semente de toda a mágica e é ela que cria histórias inesquecíveis.
O primeiro livro de Laísa Couto já mostra de cara o que a autora deseja mostrar: ela escreve a fantasia clássica. As viagens épicas, a magia, os inimigos e todas aquelas sensações que nos acompanham em sagas marcantes da literatura fantástica. Todos esses elementos, porém, são retratados de forma original e singular - sem parecer a escrita de tal autor ou os elementos de tal livro.
A boa literatura é aquela que é, acima de tudo, verossímil. Não importa quão absurda seja a história, se ela nos faz acreditar em seu propósito, cumpriu seu papel. Lagoena diz e faz. Da mesma forma que ocorre com Rheita, somos arrastados para dentro da história totalmente: visualizando cada mudança no clima de Lagoena, cada sentimento dos personagens, cada revelação do mapa mágico é acompanhado por nossos olhos de forma encantadora. O romance possui uma escrita muito bonita, que é complementada com uma estrutura narrativa gloriosa. O enredo é cheio de reviravoltas, surpresas e cenas belas e diáfanas, que deixam o leitor viciado.
Gosto da forma como os personagens são fortes e bem descritos, além de que se complementam de forma exemplar. Não existe um personagem sequer que não ocupe função necessária (por que apenas algumas frases bonitas ou descrição de um jeito peculiar não justificam a existência de um personagem). Rheita complementa Kiel, e este mostra-se quase um protagonista em diversas situações. Não apenas ele, todos os personagens que aparecem na história tem papel fundamental: seja para dar um rumo a Rheita, ou para dar dicas essenciais para o leitor; nada acontece ao acaso no roteiro deste romance.
Um dos pontos que acho sempre interessante tocar é como a história será "degustada" por diversos tipos de leitores. Lagoena possui uma escrita simples (e não simplória, palavras muito "rebuscadas" podem dar um tom forçado na escrita; como se alguns escritores tentassem dar um tom machadiano para parecerem inteligentes #ficadica) e uma história primordialmente infantojuvenil. É a jornada da pessoa que precisa amadurecer através do meio, que se descobre e fortalece, cria laços e sentimentos que a acompanharão por toda vida. Porém, um leitor já adulto, que não precisa de uma leitura que o ajude a "se encontrar", irá ter uma reflexão incrível, também. Há momentos da narrativa que são de uma densidade incrível, que geram frutos filosóficos, por assim dizer, capazes de acalentar grandes conversas. Lagoena é um livro, portanto, para todos. Os seus níveis de leitura vão desde o simples entretenimento até a mais profunda revelação - a história como espelho da alma do leitor.
Sou fã de Lagoena. A forma como a história me leva, de forma convidativa e sinuosa, cheia de mistérios e caminhos a serem seguidos - a sonoridade dos enigmas, clamando por uma significação maior do que a dada pelos próprios personagens - tudo isso transborda na minha alma enquanto leio, parando o tempo e mudança o próprio espaço. Não há muito o que se dizer, além de que Laísa Couto escreveu um clássico da nossa nova literatura.
Rheita é órfã de mãe e a única neta de um joalheiro falido. Por mais que seu avô tente, os esforços para isolar essa garota de 10 anos do mundo e esconder sua verdadeira identidade são inúteis.
Inteligente e esperta, a curiosidade da garota leva-a a uma descoberta no antigo quarto da mãe. Encontra a metade de um mapa mágico, mas qual seria a relação disso com o desaparecimento de seu pai?Quando Kiel, o filho gago do sapateiro, faz revelações incríveis a Rheita, juntos partem para uma aventura repleta de segredos ainda maiores, rumo a um outro mundo, Lagoena, a Terra Secreta que corre grande risco de não mais existir.A menina deverá salvar esse lugar mágico, protegendo o tesouro do mapa da cobiça de um imperador amaldiçoado, enquanto segue o maior desejo de seu coração: encontrar o pai que nunca conheceu.
A boa literatura é aquela que é, acima de tudo, verossímil. Não importa quão absurda seja a história, se ela nos faz acreditar em seu propósito, cumpriu seu papel. Lagoena diz e faz. Da mesma forma que ocorre com Rheita, somos arrastados para dentro da história totalmente: visualizando cada mudança no clima de Lagoena, cada sentimento dos personagens, cada revelação do mapa mágico é acompanhado por nossos olhos de forma encantadora. O romance possui uma escrita muito bonita, que é complementada com uma estrutura narrativa gloriosa. O enredo é cheio de reviravoltas, surpresas e cenas belas e diáfanas, que deixam o leitor viciado.
Gosto da forma como os personagens são fortes e bem descritos, além de que se complementam de forma exemplar. Não existe um personagem sequer que não ocupe função necessária (por que apenas algumas frases bonitas ou descrição de um jeito peculiar não justificam a existência de um personagem). Rheita complementa Kiel, e este mostra-se quase um protagonista em diversas situações. Não apenas ele, todos os personagens que aparecem na história tem papel fundamental: seja para dar um rumo a Rheita, ou para dar dicas essenciais para o leitor; nada acontece ao acaso no roteiro deste romance.
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O mapa de Lagoena |
Sou fã de Lagoena. A forma como a história me leva, de forma convidativa e sinuosa, cheia de mistérios e caminhos a serem seguidos - a sonoridade dos enigmas, clamando por uma significação maior do que a dada pelos próprios personagens - tudo isso transborda na minha alma enquanto leio, parando o tempo e mudança o próprio espaço. Não há muito o que se dizer, além de que Laísa Couto escreveu um clássico da nossa nova literatura.
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