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Fonte: The Colorless |
Nos últimos anos, plataformas digitais como o Steam possibilitaram que pequenas produtoras de games pudessem ter uma chance maior de ganhar espaço no mercado. Essa abertura tem ajudado consideravelmente ao renascimento do gênero adventure point and click, um dos nichos da indústria de jogos eletrônicos que mais se preocupa em unir um gameplay envolvente com uma boa história para contar. Dentre essas empresas indies, a Wadjet Eye Games destaca-se pela sua nostálgica forma de produzir adventures de mistério, e esse é um dos motivos para falarmos hoje sobre o melancólico, mas carismático, The Blackwell Legacy.
Com um visual retrô que faria qualquer jogador dos anos 80 sentir um calorzinho no estômago, The Blackwell Legacy foi criado por Dave Gilbert e lançado originalmente em 23 de dezembro de 2006 para a plataforma PC. O jogo gira em torno da protagonista Rosangela Blackwell, que se vê atingida pela morte de sua única parente ainda viva, sua tia Lauren, que há anos sobrevivia em estado de coma no hospital. Para a surpresa de Rosa, Lauren acaba deixando-a uma inconveniente... herança (?) - um fantasma falante e cheio de manha chamado Joe Malone. Joe acompanha a família Blackwell há décadas, sendo um "legado" que é repassado entre as mulheres da família e que serve como um "guia mediúnico" para ajudá-las a resolver misteriosos casos sobrenaturais.
Assim, Rosa deve ajudar outros fantasmas ainda presos na Terra a "atravessarem a luz", e se libertarem dos resquícios de culpa que os prendem a vida. Obviamente Rosa fica aterrorizada com todo esse furungudum que é jogado em seu colo, rendendo ótimas cenas de desacordo entre ela e o seu novo fantasminha camarada, Joe "Malinha" (brincadeirinha, ele é um fofo <3). Uma delas e que merece um boooooom destaque é a da primeira aparição de Joe para Rosa, que é um dos momentos mais cômicos e adoráveis do game. Quem adora um relacionamento meio "gato e rato" com muitas tiradas sarcásticas vai acabar se apaixonando por Rosa e Joe, que sem sombra de dúvidas é um dos mais carismáticos sidekicks do universo indie gamer.
Por ser um jogo point and click, todo o game se baseia em explorar cenários, resolver quebra-cabeças (os chamados puzzles) e fazer escolhas de diálogo, para que assim possamos ajudar Rosa a desvendar o primeiro caso que Joe apresenta a sua nova parceira. Esse primeiro mistério, o de uma garota fantasma presa a uma praça, é bem simplório e bem bobinho, mas devido ao carisma dos protagonistas, a resolução do caso acaba se tornando tão gostosa que você nem liga tanto para a simplicidade absurda do jogo. Infelizmente, o game é curto (dá para zerar em menos de uma hora), mas como é apenas o primeiro da série (que tem cinco títulos!), você acaba vendo ele mais como um episódio do que como um jogo completo. Dessa forma, The Blackwell Legacy funciona como um capítulo introdutório, que dá margem para que compreendamos os próximos jogos da saga.
Como todo apaixonado por videogame e boas histórias, tenho um apreço especial por uma produção que se atém aos detalhes, e The Blackwell Legacy, definitivamente, é reforçado por essa característica, O cenário do jogo é construído basicamente na cidade de Nova York, e como o criador Dave Gilbert mesmo falou na versão comentada do jogo, ele escolheu a cidade por viver nela (rs) e pelo contexto urbano que a história teria, sendo Rosangela uma típica nova-iorquina - solitária, tímida e que adora privacidade. Há uma cena do jogo que expressa bastante sua natureza: quando Rosa fica com vergonha de pedir um favor urgente (sem spoilers!) para a sua vizinha, simplesmente porque nunca realmente falou com ela mesmo morando há anos no mesmo prédio. Isso é um detalhezinho muito diferente de se ver em um jogo, principalmente se tratando do gênero adventure, no qual normalmente os personagens precisam falar com ~estranhos aleatórios~ na rua pra poder resolver quebra-cabeças da trama (um beijo para The Longest Journey e Siberia!).
Vale comentar que tudo isso é amarrado com uma dublagem maravilhosa, destaque para Rebecca Whittaker como a Rosa e Abe Goldfarb como Joe. Inicialmente, o jogo foi lançado com outra pessoa dublando a protagonista, a dubladora Sande Cheu, mas com o relançamento do jogo em 2011, Dave Gilbert decidiu redublar todo o jogo para que ficasse com a mesma dubladora dos títulos posteriores do jogo (Rebecca foi quem dublou a Rosa em The Blackwell Convergence, Deception e Unbound). Como eu só joguei a versão relançada, não tive a possibilidade de ver o jogo na voz anterior, mas devo dizer que não consigo imaginar outra voz para Rosa. Eu simplesmente amo seu jeitinho frio de ser!
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"É uma foto minha com a Tia Lauren". E eu adooooro a tia Lauren. Oops, mini spoiler! |
O jogo é bem, bem leve (não tem nem 1 GB) e dificilmente não vai rodar no seu PC (venhamos e convenhamos, é um jogo com uso limitado de pixels!). O único problema é que ele não oferece legendas em português, mas para quem tem um conhecimento intermediário na língua, dá pra, sem problemas, acompanhar a trama. Além disso, já é possível encontrá-lo para IOS, sendo comercializado para Iphones e Ipads. Qualquer dúvidas sobre configuração, é só dar uma olhadinha nas informações a seguir:
OS: Windows ME ou maior.
Processador: Pentium ou maior.
Memória: 64 MB RAM.
Gráfico: 640x400, 32-bit colour: 700 Mhz sistema mínimo.
DirectX®: 5.0.
HD: 200 MB de espaço.
Som: Todos as placas de som compatíveis com DirectX.
Gostaram? Prometo trazer o segundo jogo da série, The Blackwell Unbound, em um próximo Jogos Dignos de Um Livro. Arivederci!
Muito boa sua resenha!
ResponderExcluirTá eu eu li de novo, esquece o comentário anterior eu amei o post!
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