Wayne de Gotham - Tracy Hickman, por Nikos.

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Dessa vez resolvi ler um livro mais curtinho. E como fã (verme) do morcego, não podia deixar passar a chance de ler um algo escrito apenas com letras, sem figurinhas, do cruzado mascarado. Pena que não tem o Batman, mas um farsante. E peço calma a todas as "morceguetes" de plantão. Continuem lendo e vou tentar explicar porque eles acertaram em cheio no título do livro e tornaram meu herói favorito em alguém tão vazio quanto a atuação de Christian Slater em Alone in the Dark...

Para aqueles que passaram tempo demais dentro da caverna e não viram o sol raiar, Tracy Hickman é famoso no ramo de aventuras fantásticas. Ficou conhecido principalmente por seu trabalho para a finada (e maravilhosa) TSR, editora do sistema Advanced Dungeons & Dragons (AD&D) de RPGs de mesa, escrevendo módulos de aventura e principalmente a série Crônicas de Dragonlance, junto com a escritora Margaret Weis. E não parou por aí, o homem tem quase 40 títulos publicados e continua sendo uma referência quando o assunto é fantasia. Ele está até trabalhando num projeto com o lendário Richard Garriott.

Mas aí, você pergunta: por que RAIOS escolher ESSE cara pra escrever um livro do Batman?

Bem, dizem que se o cara é bom, ele escreve qualquer coisa. Então vamos começar pelo começo. Wayne de Gotham começa com uma investigação padrão Batman, onde o herói é desafiado por um vilão que ele ainda não tem certeza qual seja, mas que usa técnicas de controle mental para fazer pessoas comuns cometerem seus crimes. Durante seu trabalho para descobrir qual dos 589.000 malfeitores malucos da cidade está por trás da bagunça, ele começa a descobrir detalhes sobre o passado que talvez preferisse manter no passado (como quase todo mundo rs).

Nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, nan, BATMAAAAAN!!!
A estrutura do livro é o que torna ele interessante. Durante sua investigações, Batman vai descobrindo detalhes da história de seu pai que ele mesmo nunca soube. E enquanto ele vai descobrindo esses fragmentos de informação, o leitor é presenteado com as partes mais brilhantes do livro que são as histórias do passado, onde o protagonista da história realmente aparece, Thomas Wayne, pai de Bruce.

Cada capítulo conta com pelo menos uma parte dedicada à esses flashbacks que, não necessariamente, fazem parte da investigação, mas ajudam o leitor a entender o que está acontecendo. Eles mostram Thomas, um médico recém-formado tendo que se desdobrar em 600 para atender as expectativas do pai, Patrick Wayne, cuidar da então melhor amiga, Martha Kane e seguir suas ambições. Os flashbacks mostram um cara normal tendo que lidar com "pepinos" que, na maioria das vezes, estão além de sua capacidade, o obrigando a se esforçar ao máximo para resolvê-los. Nesses momentos, a história se torna mais humana, menos teatral. E principalmente, menos cafona.

Sim, cafona é a palavra para descrever os trechos que narram o presente, onde o protagonista é o Batman. Em matérias de revistas e blogs ou propagandas, chamar o herói de "cruzado encapuzado" é algo visto como aceitável. Mas num livro? Sério, isso é muito anos 60. Frases como "A sombra do morcego desceu o saguão..." e outras bem piores figuram nos trechos de Bruce. E não é só isso, o Batman de Tracy Hickman é a versão mais chata e mimimi que já tive a oportunidade de ler. Mas não quero ser injusto falando que o escritor não soube retratar bem o herói. Afinal, é uma história que tem um cara que veste uma roupa de morcego e saí por aí pulando de prédio em prédio batendo na galera. O que esperar de alguém assim?

Tá vendo?
Por influência divina o escritor resolveu dividir o livro em capítulos minúsculos. Para o leitor de "caminho-do-trabalho" isso é excelente. Isso ajuda a organizar o pensamento, pois dá tempo para você pensar no que aconteceu. E não se engane. Os capítulos são pequenos, mas acontece coisa demais.

E isso foi um problema de vez em quando. Apesar de haver um tracking do tempo, é difícil fazer a associação de alguns fatos na história. Principalmente dos trechos do presente. Tudo bem, já sabemos que o Batman é um coadjuvante, mas ele não precisava ser tão desinteressante. E por causa disso, eu não dei muita bola pra boa parte da organização dos fatos dos dias atuais, o que tornou o final do livro meio meh.

E não só sobre a investigação, as cenas de ação do Batman são looooooongas. Muuuuuuuuito loooooongas. Por vezes durando um capítulo completo. E são muito chatas. Mesmo quando a situação deveria ser tensa, aquela que você estaria roendo todas as unhas torcendo muito pro herói se dar bem, eu só queria que tacassem uma bomba nuclear no batmóvel se isso fizesse a história avançar pro próximo capítulo.

Mas não se preocupem, apesar de poucos momentos (poucos mesmo), existem situações onde a história do Bruce brilha. E um capítulo do Batman, um único, que salvou todos os outros. Eu não consegui dormir depois de ler essa parte de tão embasbacado que fiquei....... Vocês saberão quando chegarem lá.

Enfim, para fãs e não tão fãs assim, é uma boa história que diverte mas que, por causa da expectativa de ver um Batman bacanudo estrelando um livro, pode ser estragada pelo moleque imaturo que tomou o lugar do herói.

O BOM:
  • Thomas Wayne domina o livro e você não vê a hora dele aparecer de novo.
  • Os trechos do passado mostram situações incrivelmente interessante.
  • Capítulos minúsculos e texto fácil de lembrar caso você pare de ler e volte duas semanas depois.
O RUIM:
  • Uma das piores versões do Batman (o herói, não o livro todo) que já li.
  • Ação longa e monótona.
  • Vilões aparecendo apenas para fanservice.
Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião nos comentários.

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