Goodreads: Entrevista com John Green (Parte 2 de 3)

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Já não estavam mais aguentando de curiosidade pelo resto dessa entrevista? Calma! Esse domingão chegou com mais uma parte desse bate-bola divertido do Goodreads com o sempre fofo John Green. Aonde paramos mesmo? 

                                        Se você não leu ainda a primeira parte, clique aqui. 


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GR: A leitora do Goodreads Stephanie Stickley pergunta: "Uma coisa que realmente me tocou em A Culpa é das Estrelas foi o papel compassivo representado pelos pais. Eu me pergunto qual foi o feedback que o Green pegou das pessoas que tiveram experiências como  as famílias de seu livro.

JG: Eu acabei de ir jantar com um grupo de mulheres que perderem o filho para o câncer ou vivem com crianças com a doença. Foi realmente interessante conversar com elas. Em vários dos casos, as crianças eram bem mais novas. Eles foram leitores bem generosos , me ofereceram bastante apoio e ainda foram muito, muito doces ao falarem que muitas coisas eu acertei. Significa muito para mim ler cartas de crianças com câncer ou com outras doenças sérias - Essa tem sido a maior das surpresas.

GR: Você não achou que elas iriam gostar?

JG: Eu pensei que várias crianças iriam não gostar, talvez. É uma coisa muito corajosa e estranha de fazer, para um cara saudável de 34 anos, publicar um livro [escrito pela voz de] uma garotinha de 16 anos. Eu sabia que o livro teria uma boa primeira semana de vendas por causa das pré-vendas, mas eu nunca, nunca me minha vida imaginei isso. O assunto em si é um obstáculo tão grande, eu nunca conseguiria imaginar um cenário em que alguém iria me oferecer um livro assim e eu iria querer ler. Eu pensei que o seu potencial comercial era bem limitado.

GR: Mas adolescentes não amam livros tristes?

 JG: Eu li um monte de livros tristes quando era criança, quando eu estava entre 12 a 14 anos, mas francamente, a grande maioria das pessoas que o leram foram adultos.

GR: Por que você acha isso?

JG: Bem, eu gosto de pensar que é porque ele é bom! Minha esperança é que os personagens adultos foram bem estruturados e que, como o livro é bom, distinções de gêneros não importa tanto. Eu acho nós desejamos emoções sem ironias e sem sentimentalizações porque também é muito dificíl de se sobrepor a isto. Eu queria não usar ironia como uma técnica exatamente para criar uma certa distância, mas ainda assim  queria criar uma forma de despir todos os sentimentos ao máximo.

GR: Quando Hazel e seu pai falam sobre vida após a morte, ele diz, "Eu acredito que o universo quer chamar atenção" e que o universo "se diverte com a sua elegância sendo observada".  Me fale mais sobre essa ideia. Você teve realmente um professor que lhe falou isso? E você acredita que isso é verdade ou você acha que o universo não poderia se importar menos?

JG: Essa ideia veio de um "youtuber" chamado Vi Hart - Ela é muito famosa e bem-sucedida no youtube.  Nós estavamos tendo uma conversa e ela me lançou esse argumento. Bem, na verdade ela estava me dizendo que ela não conseguia ir bem nas coisas porque ela acredita em um verdadeiramente frio e indiferente universo, mas é assim que eu interpretei o seu argumento: O universo é parcial quanto a sua própria consciência das coisas porque o universo quer chamar atenção para si. É uma forma de acreditar em esperança existencial sem se utilizar de muito clichê em sua volta.

GR: Isso é verdade sobre as pessoas também. As pessoas querem chamar atenção.

JG: Sim, isso foi intencional. 

GR: É isso que você quer?

JG: Não, eu me sinto "observado" adequadamente. Mas eu já me senti dessa forma, e eu acho que é um desejo universal de nós termos nossas dores sem nos sentirmos sozinhos e termos nossas alegrias sem nos sentirmos sozinhos.

GR: Então esse livro foi inspirado por uma garota com câncer, e no livro a garota com câncer  consegue se encontrar com o seu autor favorito e ele é uma grande decepção. Mas na vida real, você e Easter Earl ficaram amigos - Que tipo de de estranha psicologia reversa, inversa e perversa é essa?

JG: Bem, tem algumas coisas rolando ali. Eu nunca pensei que isso seria lido por muitas pessoas que não me conhecessem anteriormente pela Internet. Eu queria brincar com suas expectativas. E ainda, eu queria pensar nos relacionamentos entre as pessoas que criam as coisas que amamos e as coisas por si só, e também o nosso instinto de supervalorizar os dois mesmo que as pessoas normalmente são tão defeituosas quanto a gente.

GR: Você acha que os seus leitores tem expectativas suas que você não foi capaz de alcançar?

JG: Oh, claro. Eu me sinto mal por não poder conversar com todos eles pelo telefone, eu não consigo nem responder todos os emails propriamente. Isso não é ok quando eles vem para minha casa - você ri, mas eles realmente vem - eles não sabem que eu tenho uma péssima ansiedade social e que fazer isso é meio assustador para mim. Cê sabe,  eu era um fã de Kurt Vonnegut e eu sabia que ele não era a melhor das pessoas, mas eu ainda assim pensava que ele tinha tudo planejado, pensava que ele tinha a melhor vida possível.

GR: De algumas formas, A Culpa É das Estrelas é um aviso sobre se encontrar com seus heróis. Você já conheceu algum dos seus na vida real?

JG: Eu consegui ver brevemente o Jeffrey Eugenides e a Sherman Alexie. E eu consegui fazer uma boa amizade com M.T. Anderson  (Feed, The Astonishing Life of Octavian Nothing) e Markus  Zusak, que escreveu The Book Thief.

GR: E alguns deles foram grandes decepções?

JG: Não, eles foram bem legais. Apesar que eu não contaria para você caso um deles não fosse.


Em breve, a parte final dessa entrevista fantástica!

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