O Pacto - Jodi Picoult, Por Trinta.

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Eu já escutei muitas críticas à Jodi Picoult por seu estilo - vamos colocar assim - depressivo de escrever. Casamentos despedaçados, mortes prematuras, amizades fadadas ao fim... Dentro do nicho de autores conhecidos pelas reviravoltas dramáticas dentro de suas tramas, um grupo constantemente encabeçado por nomes como Nora Roberts e Nicholas Sparks, Picoult foi aquela que a fama mais se destacou aos meus olhos, principalmente após a adaptação pros cinemas de A Guardiã de Minha Irmã (No Brasil foi traduzido para Prova de Amor) ter sido um dos últimos filmes que conseguiu me fazer sair da sala com a cara vermelha-pimentão de tanto chorar. E olha que eu fui ver o filme sozinho. (Sabe o quão constrangedor é sair do cinema chorando sozinho?) É, primeiras impressões sempre deixam uma marca na nossa pele... Então quando fui com uma amiga, no mesmo ano, escolher um presente de aniversário para mim, um exemplar de O Pacto logo chamou minha atenção. Um Romeu e Julieta às avessas... Como não dar ao menos uma chance? Deixo aqui um agradecimento à Ludmila, por provavelmente o melhor presente que ganhei no meu terceiro ano. 

Chris e Emily nasceram para ser um do outro. Na verdade, eles, literalmente, já nasceram juntos. Suas famílias se entrelaçaram antes mesmo de virem ao mundo, e uma vez que suas mães Gus e Melanie frequentavam as mesmas aulas de parto e seus pais James e Michael saiam em noitadas juntos, era evidente que as duas crianças seriam criadas como irmão e irmã. A mudança dos Golde para a casa vizinha a dos Hart apenas confirmou o destino: Eles estavam conectados por algo que nenhuma pessoa poderia explicar.  A infância e o começo da adolescência dos dois foram praticamente uma só de tão grudados que eram, e quando começaram a namorar, nenhum dos pais ficou surpreso com o desenrolar dos fatos. “Era para ser assim”, provavelmente comentavam um para o outro. Mas assim que aquelaligação no meio da noite levou as duas famílias para o mesmo hospital... Algo havia dado errado. Emily está morta e Chris é um dos principais suspeitos. Até que ponto nós realmente sabemos o que está acontecendo debaixo de nossos narizes?


O Pacto mistura um intenso drama familiar com o thriller policial na medida certa, uma ousadia que possibilitou  uma gama de personagens complexos e inteligentes. Picoult vai e volta no tempo para mostrar todos as facetas de Chris, Emily e seus pais inconformados, buscando a melhor forma de explicar qual poderia ter sido a causa para esse possível asssassinato. Mas, se vocês me permitem, devo colocar aqui uma ênfase a mais na relação Chris e Emily. É surpreendente a forma como a autora criou uma aura ao redor do amor dos dois, explicando por meio de flashbacks o desenvolvimento de um casal que tinha tudo para ser realista, se não fosse único o suficiente para ser incomparável com qualquer coisa que vemos por aí. Por mais que a frase de efeito da capa do livro seja "Uma história de amor" e isso seja muito brega por si só... Devo admitir, é compreensível sua utilização. É uma história de amor e ponto. Vejo até um pouco de Heathcliff e Catherine neles (o engraçado é que estou lendo O Morro dos Ventos Uivantes agora), com a diferença de que Picoult desconstrói a sua paixão, provavelmente, em mais pontos negativos do que positivos. Eles foram feitos um para outro... Mas foram feitos para todo o sempre?


"I, um, I have this problem. I broke up with my boyfriend, you see. And I'm pretty upset about it, so I wanted to talk to my best friend. [...] The thing is, they're both you.” 
                                                                                                                                                                  ―Jodi Picoult, The Pact.



Eu dividiria o livro em dois atos que ocorrem ao mesmo tempo: O passado e o presente. No primeiro, temos uma narrativa bem gostosa sobre toda a relação entre os primogênitos dos Golde e Hart, uma amizade singela com um ar fraternal um tanto curioso. Jodi Picoult explora tantos temas aqui dentro que eu não duvido nada que ela recorreu a uma bela pesquisa de campo sobre crianças e adolescentes: Possessão, ciúmes, irmãos, puberdade, namoro, suicídio, sexo, drogas, limites etc. Já no segundo momento, o clima é bem mais pesado, e entramos dentro de um contexto de pura investigação e agressividade psicológica.  Esses são os capítulos que você vai ficar preso dentro de um mistério que o fará virar as páginas numa velocidade contagiante.   


Ah, mas o final. Ou melhor... O clímax. Acho que não há nada mais mágico no romance do que a o fulgor que as últimas revelações segredam ao leitor, as quais, admito, me fizeram revirar na cama pelo menos umas mil vezes - como sempre, estava lendo de madrugada - com todo aquele suspense do grande veredicto. E apesar de não gostar de falar em "moral da história", deixo o meu orgulho de lado e admito que há sim, um belo ensinamento, o qual ficou bem claro nas últimas páginas. Uma vez que tudo já aconteceu, porque se penalizar jogando culpas de um lado para o outro como se algo ainda pudesse ser salvo? Motivos, por quês e ressalvas não adiantam nada quando o fim chegou.  E nem mesmo uma última mensagem perdida no presente pode transformar as infelicidades do passado. Ler o Pacto me fez desejar um amor impossível, desses que nunca deveriam existir, por mais hipócrita que isso possa soar. Por que quando eu penso que eu até poderia ter algo do tipo... Será que iria mesmo querer me sentir assim... Tão perto de alguém?


“Do you know what it's like to love someone so much, that you can't see yourself without picturing her? Or what it's like to touch someone, and feel like you've come home? What we had wasn't about sex, or about being with someone just to show off what you've got, the way it was for other kids our age. We were, well, meant to be together. Some people spend their whole lives looking for that one person. I was lucky enough to have her all along.” 
                                                                                                                                                                    ― Jodi Picoult, The Pact.
   





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7 comentários:

  1. Pelo pouco que li das resenhas de alguns dos livros da Jodi, me pareceu ser uma daquelas escritoras que fazem as pessoas se emocionarem facilmente.
    Você me fez desejar 'O Pacto' neste exato momento e estou sem um tostão furado no bolso, como faz? rs

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    1. AHAUAHUAHUA. Nada pior do que estar sem condição para comprar livros, Rafa! /:
      Mas sério, dê uma chance para O Pacto. Acho que você irá adorar!

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  2. O que li agora me deixou com muita vontade de ler o livro... Vai para a lista de desejos. :)

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    1. Vai ser uma ótima aquisição para você, Tarsila! É um belíssimo livro! Abraços.

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  3. O melhor livro que eu já li foi "O pacto". O melhor!

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  4. Ele é fenomenal, não é, Karina? O que você mais gostou nele?

    Beijos!

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  5. estou procurando esse livro a um bom tempo, alguem pode indicar onde encontro

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