A Trilogia Jogos Vorazes - Suzanne Collins, Por Trinta.

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Facebook. Twitter. Wikipedia. Google+. Tumblr. Blogger. Filmow. Orangotag. Skoob. Resquícios de um Orkut abandonado... Liberdade de Expressão. Estamos em 2012 - o ano amaldiçoado pelos maias como o verdadeiro apocalipse - e se há um ideal que existe dentro da nossa sociedade é o de que aquilo que você fala é o que você é. Se você me perguntar se isso é algo bom ou ruim, minha resposta não poderia ser mais imprecisa; É um, é outro e não é nem um nem outro. O que cria esse paradoxo não é o fato de que estamos dentro de um espaço em que tudo o que você pensa pode ser popularizado dentro de círculos sociais muito maiores do que apenas o dos seus amigos, mas sim pela polêmica do conteúdo daquilo que você pensa. Você tem certeza de que aquilo que você acredita ser verdade é o que deve atingir as grandes massas? Virar um trending topic, um meme ou até mesmo um artigo na Wikipédia? Deus, pense em como a palavra hoje tem o poder incalculável de te deixar influente sem nem sair do seu quarto e até em menos de 140 caracteres! Estamos mais imbatíveis, poderosos, ativos do que nunca. E se há algo que a elite não gosta é da democracia ideológica. Você acha que o governo vai nos deixar soltos assim por tanto tempo? O que impede de que ele não encontre uma nova forma de nos controlar, nos domar, através da manipulação midiática de um show de horror e tortura o qual Suzanne Collins denominou de "Os Jogos Vorazes"?

Opa, desculpa por me perder demais nos meus próprios pensamentos, mas a trilogia Hunger Games trouxe a gasolina necessária para renascer um pouquinho daquilo que muita gente critica na juventude do novo milênio: A vontade de pensar política. Mergulhado dentro de uma narrativa rápida e sem muitos rodeios, Jogos Vorazes mistura o livro 1984, reality shows, ficção científica, crítica social e um toque de romance apropriado para tornar uma temática NADA adolescente em uma obra atraente para todos os públicos. Repito, TODOS. A nova aposta de 2012 tem tudo para se tornar um dos livros mais comentados dos próximos anos e eu me sinto, verdadeiramente honrado, de ter conseguido ler toda a trilogia ainda nos primeiros passos de seu sucesso mundial. Mas bem, chega de tralalá, porque fazer um apanhado sobre esse universo é mais difícil do que você imagina.

Em um futuro próximo, a guerra entre os países do nosso mundo resultou em quase toda a sua destruição, deixando apenas 13 distritos restantes no que anteriormente era o território americano. Renomeado como Panem, o conjunto de metrópoles entrou em uma novo conflito pelo poder, o que resultou na vitória daquele que seria o responsável pelo novo regime totalitário que condenaria todos os outros doze distritos restantes: "A Capital". Dentro desse cenário controverso, Katniss Everdeen vive no Distrito 12, o mais pobre e explorado de todos, sobre a ameaça de um dos maiores "métodos de controle" que a Capital tem sobre seus estados escravizados. Esse artifício se ilustra no show de rede nacional chamado Jogos Vorazes, um reality show brutal no qual, todos os anos, um garoto e uma garota entre 12 e 18 anos são sorteados de cada um de seus doze distritos - aqueles que seriam os 24 Tributos - para serem jogados dentro de uma arena de batalha no qual apenas um vencedor sairá vivo. Sim, eles terão que assassinar uns aos outros numa espécie de Big Brother mortal. Katniss tem 16 anos e, mais uma vez, terá que enfrentar o terrível dia da Colheita, a loteria macabra na qual os tributos são anunciados. Entretanto, para o choque geral, o nome que sai para o tributo feminino do Distrito 12 não é o da protagonista e sim, Prim Everdeen, sua irmãzinha de doze anos. Em um golpe de misericórdia, Katniss se oferece para ir no lugar de sua irmã e todos nós mergulhamos em um dos thrillers de ação mais fascinantes que já coloquei as mãos.

Antes de mais nada, respira. Eu sei, essa foi uma das misturas mais estranhas e apelativas que você provavelmente já colocou os olhos nos últimos tempos, mas acredite se quiser, funciona. Suzanne Collins, uma ex-roteirista de programas infantis do canal de TV paga Nickelodeon, deu uma reviravolta em sua carreira e escreveu um livro young adult inteligente e viciante com a capacidade de tirar o seu sono - E não exatamente pela carnificina de suas páginas, mas sim pelo seu fator CHICLETE. Se há uma tag correta para o que é a experiência de ler todos os três livros de Hunger Games, provavelmente seria"impossível-de-largar-o-livro-independente-de-ser-duas-da-tarde-ou-três-da-manhã". Mas por outro lado, há muita coisa sobre sua natureza que não é fácil de digerir. Ele é muitas vezes frio e cru,  algo que eu posso resumir pelo fato dele ser ENTUPIDO de mortes. Perceba a contradição: Fluido e pesado. Como não achar isso uma verdadeira façanha para o universo dos livros "adolescentes"? 

Apesar desse ser o contexto apenas do primeiro livro, as suas sequências conseguem manter o nível, se aprofundando ainda mais dentro desse universo paralelo capaz de pipocar diversas vertentes de pensamentos. Miséria, fome, banalização da violência, manipulação ideológica, ditadura... O livro consegue esboçar uma verdadeira "aula" inicial sobre questões filosóficas que poderiam se encaixar facilmente em um aula de Ética e Mídia ou Teoria Política. O livro dois, Em Chamas, se responsabiliza por detalhar mais o contexto geral de Panem e a visão da sociedade como um todo e o terceiro, A Esperança, bem, digamos que temos o clímax da resposta do povo. Mas não vamos cair nos spoilers, certo? Acho que já deu pra dar uma bela zapeada por tudo aquilo que tanto me surpreendeu nesse livro mágico que, sim, virou um dos meus preferidos. E se você quer meu conselho, não espera o filme estrear sexta não! Procure o livro e se encante com esse romance às cegas, sem se prender tanto na adaptação cinematográfica ( Não se engane, eu acho que vai ser maravilhosa, já até comprei o ingresso, mas o certo é separar uma coisa da outra.) e tendo sua primeira impressão sobre Jogos Vorazes baseado na mágica que só as páginas de um livro conseguem oferecer. E você nem precisará da sorte para isso.



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