Oi, gente!
Como vão vocês? Espero que esteja tudo bem e que todo mundo tenha sobrevivido às manifestações do final de semana e que ninguém tenha nos feito passar vergonha. Enfim. Hoje, o colunista que vos fala vem com uma novidade, uma seção, ideia original do patrão, roteiro adaptado por mim, participações especiais à parte. Vem comigo que eu já conto o que é e cês vão entender tudo.
Como é de conhecimento de todos (?), eu escrevo pro Wattpad (vai lá me ler), uma plataforma online para publicação independente de textos literários (entre aspas, em alguns casos), onde tem escritos pra todos os gostos: contos, romances, poemas, fanfic de One Direction, meninas de treze anos que já se acham Cecília Meirelles e por aí vai. Daí, partiu a ideia de ~euzinho~ entrevistar algumas pessoas que eu conheço e participam do Wattpad. Portanto, sem mais delongas, apresento-lhes...
Se Fátima Bernardes tem um Encontro, eu também posso ter um, e só Deus pode me julgar. Encontro com Natinho vai trazer (quinzenalmente? mensalmente? anualmente? raramente?) entrevistas com escritores do Wattpad feitas por mim. Essa é uma forma de vocês ficarem por dentro do que tem rolado na ~cena underground (nem tão underground assim)~ da literatura independente. E podem ficar tranquilos, que no Wattpad tem muita tranqueira, mas eu vou trazer só o crème de la crème pra vocês!
Pra estrear nosso cantinho de entrevistas, selecionei uma autora que, segundo ela mesma, é nova na literatura. Paulista, solteira, 22 anos, membro do Wattpad há apenas cinco meses, Ana Cecília Brun já conquistou mais de 1,400 seguidores e mais de 950 mil acessos com seu romance de estreia, “Laços de um Sequestro”. Na entrevista de hoje, Ana fala sobre os planos para o futuro, sucesso, fama e talento (me formei na Escola Marília Gabriela® de entrevistas, gente, beijão). Ah, mantive o texto conforme a Ana me mandou, ok? Sem alterações.
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(este é o avatar da Ana no Wattpad) |
Natan: Oi, Ana.
Ana: Oi, oi, todo mundo!
N: “Laços de um Sequestro”. Conta pra gente sobre o que é essa história.
A: Huum... Bom, Laços de um Sequestro foi uma história que me surgiu na cabeça meio que de lampejo, da noite para o dia mesmo. Eu estava em casa querendo escrever alguma coisa e de repente me veio: “Por que não escrevo sobre uma mulher que é sequestrada e se apaixona pelo sequestrador”? E é isso, basicamente. Síndrome de Estocolmo, rs.
N: Uma coisa meio Caso Eloá?
A: HAHAHAHA! Não! De forma alguma, nada de tragédia, por favor.
N: Certo; então a protagonista, Alice, se apaixona pelo sequestrador.
A: Ah, sim. Ela se apaixona pelo sequestrador... E é isso o que eu posso dizer sem dar spoilers, haha!
N: Ok. Eu estava dando uma olhada agora, sua história está, até o momento, com mais de 950 mil visualizações. Esse número é muito expressivo pra histórias escritas no Wattpad. A que você atribui esse sucesso?
A: Essa é uma pergunta difícil. Eu realmente não sei de onde vieram todas essas leituras. Comecei a escrever a história sem muitas pretensões e, quando vi, a coisa foi crescendo e crescendo e se tornou isso tudo!
N: E como você se sente dando esse ibope todo?
A: Olha, francamente? Para mim não muda absolutamente nada. Por dois motivos: primeiro, porque 950 mil leituras significa que umas 15 mil e poucas pessoas leram o livro todo. O número não é assim tão assustador. Além disso, fossem 10.000 pessoas ou 100, eu escreveria com a mesma dedicação e o mesmo carinho, até porque ninguém que escreve no Wattpad está ganhando um centavo, então acho quantidade de leituras meio irrelevante. Prefiro ter a consciência de que fiz um bom trabalho a me deixar levar pelo que os números possam dizer.
N: Podemos então dizer que ser “famoso” no Wattpad é o mesmo que ser rico no Banco Imobiliário?
A: HAHAHA Sim!
N: Obrigado e um beijão pros meus haters que estiverem lendo isto aqui. Agora me diga uma coisa: “LDS” (vou abreviar por preguiça, sim?) é seu primeiro romance, né?
A: Isso!
N: E antes disso? Como é sua vida literária pré-Wattpad, ou pré-LDS?
A: Sempre gostei de escrever, mas nunca me aventurei por um romance. Escrevia umas crônicas pessoais, uns minicontos meio estapafúrdios, diários, mas o romance mesmo foi uma empreitada, que ainda não sei avaliar bem se foi bem sucedida ou não.
N: Os números não falam por si?
A: Não, não, de forma alguma, até porque tem MUITA coisa boa com pouca leitura no Wattpad e MUITA coisa ruim com milhares de leituras.
N: Te entendo muito bem (beijo enorme pros Reis do Wattpad™). Mas por que diz que seus outros escritos são estapafúrdios?
A: Não sei se essa seria a palavra mais adequada, mas é que eu sou uma escritora meio “traiçoeira”, por assim dizer.
N: Elabore.
A: Ah, é que eu não leio muito coisas do gênero de “LDS”, apropriando-me da sua sigla.
N: Você não lê romances “hot”?
A: Você considera “LDS” um romance hot? Haha
N: Você não?!
A: De jeito nenhum! Não quero nem de longe desmerecer o trabalho das escritoras que mexem com esse estilo de escrita, mas eu não me interesso nem um pouco. Acho que essas histórias tendem a atrair o público por um meio muito fácil, muito dado, que é o sexo “rasgado”. Algumas das poucas histórias que eu já li eram até bem escritas, mas usavam o sexo de uma forma TÃO vazia! Eu sou das antigas, sou romântica dessas bem bobas, acredito em fazer amor, em papai-mamãe, essas coisas caretas. Tanto é que em “LDS” só há duas cenas e meia de sexo, e as palavras mais “graves” que aparecem são “pênis” e “vagina”.
N: Hum... Interessante. Que tipo de conteúdo você costuma ler ou escrever?
A: Eu sou meio doida, haha. Gosto de coisa fora do convencional, coisa polêmica, marginal.
N: Tipo...?
A: Tipo histórias que envolvem traição, violência, incesto, diferenças grandes de idade, narrativa fantástica, romances lésbicos, gays, essas coisas.
N: Eu escrevo romances gays, cê não quer me ler, não?¹
A: HAHAHA, ué, por que não?
N: Você se inspirou em alguém da vida real pra escrever Alice e Martin?
A: Tem uma frase do Oscar Wilde que eu gosto muito! Quando ele foi julgado (agora não me lembro por que ele foi julgado), questionaram ele sobre os personagens do Retrato de Dorian Gray, e ele disse algo como: “Basil é como eu [Oscar] acho que sou; Henry é como a sociedade acha que eu sou e Dorian é como eu gostaria de ser”. Foi uma coisa mais ou menos assim. A Alice é como eu gostaria de ser: meio louca, engraçada, independente e tal. O Martin é como o homem dos meus sonhos deveria ser: um gentleman na medida certa. Mas não encontrei essas pessoas na vida real, infelizmente.
N: Por falar em Alice e independência: lendo seu livro, percebi que ela é uma personagem um tanto quanto destoante das personagens dos romances românticos modernos (aka new adult wattpadiano). Ela trabalha, ela tem sua estabilidade financeira, é dona de si, de suas atitudes, faz o que dá na telha, arca com as consequências e por aí vai. Essa criação foi espontânea ou você “desenhou” a personagem pra ser um “role model” mesmo?, algo que diferisse das Anastasia Steele e Bella Swan da vida?
A: Hum... Boa pergunta. Na verdade as pessoas têm uma visão da Alice um pouco diferente da sua. O que tem de gente que comenta a história dizendo a Alice é burra não tá escrito! Eu nem me dou o trabalho de tentar defendê-la porque, de certa forma, até entendo os leitores. Mas não fiz muito de caso pensado, não. A única coisa que eu pensei é que eu não queria criar uma personagem idiota, submissa a um homem, que fica louca, desesperada de paixão e joga tudo pro ar por causa disso. Alice é uma mulher, um ser humano, que não está acima de ninguém, que tem suas qualidades e defeitos, suas virtudes e fraquezas, e se envolve em situações que a fazem agir de determinadas maneiras. Para o leitor, é muito fácil julgar como ela deveria agir ou ter agido, provavelmente nenhum deles foi sequestrado tampouco se apaixonou pelo sequestrador! Por isso acabo relevando as coisas que leio nesse sentido, porque sei que o leitor se coloca na história com olhos de leitor, não com olhos de personagem.
N: Por falar em leitores: você tem muitas caprichetes (um beijo, Vinicius, por ter colocado esse termo na minha vida). O que você acha disso?
A: HAHAHAHAHA! Caprichetes seriam as leitoras da Capricho?
N: Exato.
A: HAHAHA! Adorei! Não, não, minhas leitoras são ótimas. No Wattpad eu deixei minha história com censura 13 anos e pais fortemente advertidos, até porque as cenas de sexo são até sutis, mas às vezes fico meio admirada com a quantidade de leitoras adolescentes que existe! Mas procuro tratar todo mundo muito bem; sempre respondo as perguntas, os comentários mais elaborados, essas coisas. É muito gostoso receber esse carinho das leitoras!
N: Momento TV Fama: projetos para 2015?
A: Haha! Muita gente me pediu uma continuação para LDS, mas não tenho planejado nada nesse sentido, não, até porque nem sei como eu continuaria de onde parei... Mas em breve eu devo lançar o livro físico de LDS de forma independente pelo Clube de Autores, para quem quiser colecionar, e, um dia, disponibilizar na Amazon também. Enquanto isso, talvez eu dê o ar da graça de vez em quando com algum texto menor. Preciso de férias!
N: Onde a gente pode te encontrar?
¹ Eu falei pra Ana que excluiria essa parte da entrevista; ela pediu que eu mantivesse.
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Dei uma ligeira editada na entrevista porque, quando falei com a Ana, o livro ainda estava sem data definida pra sair do Wattpad. Mas, quem quiser ler, pode encontrar o livro online até o dia 1º de abril deste ano. Deem uma olhada na página dela, caso vocês se interessem pela história e queiram adquirir na Amazon, se ela puser à venda lá.
E é isso. Escolhi a Ana pra começar esta seção porque queria começar com alguém de peso. Das histórias que eu vi no Wattpad com as autoras mais populares, fiquei meio receoso de entrar em contato, até porque não conheço nenhuma delas (assim como não conheço a Ana muito bem), por isso fica aquele receio de levar uma bela duma patada ou de um não, ou então dar uma de Jonas BBB e cobrar R$3000 por uma entrevista. Mas a Ana foi super acessível comigo e topou participar da entrevista na hora (vou até dar o anjo pra ela), por isso vão lá ler a história dela. Não vou fazer uma resenha aqui porque não é esse o objetivo hoje, mas eu diria que “Laços de um Sequestro” é um clássico das bancas de jornal no melhor sentido possível, porque vocês sabem que eu adoro um livro de banca de jornal. Falei isso pra Ana e ela deu risada, portanto acho que é tudo bem eu publicar essa nota aqui.
Já tenho alguns autores e autoras interessantes na lista pra futuras entrevistas. Fiquem ligadinhos aí que daqui a um tempo eu volto com mais bate-papo literário. Um beijo pra todo mundo e fiquem com Deus. Até breve!