Feliz Dia das Bruxas! Entrevista com a Autora Laisa Couto.

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Imagem: jadore-rachel
Feliz dia das Bruxas, leitores! E antes de começarmos a montar nossos enfeites de abóboras na janela, nós trouxemos um anúncio direto da nossa ~entrevistada especial~ de hoje: A série de ficção fantástica Lagoena não está mais disponível no site BookSérie. Mas calma, a notícia não é ruim: O livro de estreia de Laisa Couto será publicado oficialmente pela Editora Draco em 2014! Eita, que beleza! E para comemorar esse marco importante na carreira da autora, decidimos fazer uma entrevista bem intimista com a dita cuja; um bate-bola bem legal sobre a sua estréia literária, as dificuldades do mercado editorial e, claro, Halloween!

EL: Quem acompanha o Escolhendo Livros sabe muito bem que você não é nenhuma visitante por aqui, né Laísa? HAHA. Mas para que os nossos novos leitores possam conhecer essa autora que nós tanto adoramos, descreva um pouquinho a pessoa que a Laísa é e como ela entrou no universo da literatura.


Laisa: A primeira pergunta é com certeza a mais difícil... Hehe. Descrever-me em palavras é justamente encontrar uma medida exata que se enquadre numa caixa, para mim não existe essa medida, talvez um dia eu encontre o que realmente sou ou não, a vida é justamente o experimentar dessa busca por si mesmo. A literatura é dos ingredientes que compõe essa fórmula complexa de quem posso ser e pode acreditar que encontrei isso por acaso. Entrar no “universo literário” foi algo totalmente despretensioso para mim. Na época eu não sabia que isso mudaria minha forma de ver o mundo, as pessoas, a vida. Acredito que não foi um encontro por acaso, lá atrás, aos 18 anos, a literatura ofereceu-me uma chance de segui-la e eu aceitei, foi aí que nasceu a idéia para escrever o que hoje é LAGOENA. Imagina, habituada a nunca ultrapassar as 30 linhas das redações escolares, me aventurei a escrever um livro.

EL: Como você concebeu Lagoena? Houve alguma inspiração específica?

Laisa: No começo, quando a idéia era uma fagulha da imaginação não esperava que a história tomasse seu próprio rumo. A premissa nunca se perdeu, mas a estrutura que eu havia montado previamente foi perdida enquanto a aventura ganhava a vida. Minha escrita é mais intuitiva, aprendi que para mim não vale muito planejar, as histórias sempre darão um jeito de burlar as regras. Acontece e eu apenas aceito. O processo de escrita para LAGOENA durou 5 anos, entre idas e voltas, reescritas e mais reescritas. Durante esse meio tempo tive contato com livros que me ajudaram a compor ou ao tentar pelo menos chegar ao que eu queria que fosse LAGOENA.

C.S.Lewis me ensinou o limiar entre a fantasia e a realidade. J.R.R.Tolkien mostrou-me que pode haver beleza nos contos da fadas, mesmo os mais tenebrosos. Os dois criaram mundos quase palpáveis, que tem o poder de abrigar o leitor e confundi-lo ao ponto de não se conseguir separar o que é real ou imaginário. Como os contos dos Irmãos Grimm foi meu primeiro contato com a “literatura fantástica” na infância eles deixaram seus resquícios. Para escrever LAGOENA também tive de voltar a ser criança, imaginar como uma criança via o mundo ao redor, as lembranças da infância ajudaram bastante o desenvolvimento da história, principalmente dos protagonistas, Rheita e Kiel. Quando criança também escutei histórias e as guardei, preservei dúvidas que podem está implícitas no livro. Sempre apreciei o folclore nacional e não poderia deixá-los de lado. Fábulas bíblicas também contribuíram para moldar o mundo fictício de LAGOENA. 

EL: Não há dúvidas que trabalhar no meio editorial no Brasil não é fácil. Acho que todo mundo que gosta de ler já pensou um pouquinho em virar escritor também. Então, divide com a gente o segredo: Como você enfrentou as dificuldades para levar Lagoena para frente? Você já pensou em desistir?

Laisa: Já pensei em desistir várias vezes. Entrar no mercado literário não é fácil e havia momentos que eu chegava a pensar que estava dando murro em ponta de faca, que estava perdendo tempo, que estava me iludindo com algo surreal que nunca tomaria vida. Mas quando um autor se compromete de verdade com a literatura não há nenhum “não” que vai fazê-lo desistir. Eu já tinha passado anos me dedicando a esse projeto, como disse antes, num período de 5 anos escrevi a história, tive muitas dificuldades pessoais e isso contribuiu para meu maior desafio a resistência de nunca terminar a história, então no primeiro dia de 2010 joguei fora tudo que tinha anotado sobre LAGOENA , inclusive manuscritos, capítulos redigidos. Partir do zero e recuperei tudo em 8 meses em tempo de participar de um concurso para autores. O concurso foi apenas um pretexto para eu ter uma meta, em novembro de 2010 eu tinha um livro completo, o primeiro do que seria uma trilogia.

EL: Pelo pouco que tive oportunidade de ver na minha leitura da série, pude perceber que a Rheita é uma personagem bem carismática. Existe um pouco daquela curiosidade aguçada e desejo de conhecer o mundo que nós sempre associamos a juventude. Existe muita da Laísa na Rheita?

Laisa: Se eu dissesse que eu e Rheita não temos nada em comum estaria mentindo. Não sou tão carismática como a garota, preservo mais a natureza desconfiada e introvertida de Kiel. O que mais me aproxima de Rheita é sua relação com o mundo ao redor, a vontade de encontrar o verdadeiro caminho e se testar. Acredito que cada um de nós no mundo real desempenhe uma função, nada é por acaso. Assim escrever, criar para mim se torna uma grande responsabilidade. Um destino? Talvez. Rheita é uma personagem que dialoga isso, que todos nós temos um papel a exercer. Uma boa dose de curiosidade não corrompe o mais inocente dos seres, a não ser que ela seja usada para fins duvidosos. A curiosidade da infância é a faísca que acende a chama, é o que impulsiona a criança às descobertas. Todos nós fomos exímios curiosos, alguns ainda preservam essa faísca no coração, outras a esquecem e envelhecem muito rápido. Tomara que eu ainda preserve a minha por muitos e muitos anos.

EL: Como foi que Lagoena chegou até a Editora Draco?

Laisa: No final do ano passado tive a oportunidade de apresentar LAGOENA diretamente ao editor da Draco. Contei como foi a repercussão do livro na internet e sobre o que a história se tratava, essa parte em especial interessou o editor que gostaria de ter no catálogo uma fantasia clássica, então depois de uma leitura prévia me pediu para que eu relesse a história e melhorasse alguns pontos. Passei 6 meses de 2013 trabalhando nisso, com a ajuda fiel de um leitor beta (Júlio Soares \o/). Fiquei 2 meses aguardando uma resposta final e concreta. Em Setembro o editor mandou um email aprovando o original, em Outubro assinamos contrato para série inteira. Todo esse processo durou 1 ano, com a possibilidade de publicar o livro por uma editora, foquei mais na revisão e por essa causa andei devagar com a divulgação na internet.

EL: Você decidiu publicar Lagoena antes na internet como uma websérie. Por que decidiu tomar essa iniciativa? Não teve medo de acabar afastando as editoras ao divulgar a história antes?

Laisa: Uma das maiores dificuldades do autor iniciante é justamente ser iniciante. O autor está ingressando no mercado, nunca foi “visto”, nunca foi “lido”. A rejeição a este autor não diz só a respeito da qualidade literária, mas ao risco que a editoras nacionais não querem correr. É muito mais lucrativo e cômodo lançar no mercado um autor que já tenha sido “visto”, do que um completo desconhecido. Por isso encontramos nossas livrarias abarrotadas de autores estrangeiros, eles já foram “vistos”. É a lógica do mercado atual, “cresça e apareça”. Então, o autor nacional tem de ser valer de todas as artimanhas para ser lido. Hoje, publicar é fácil, devido as inúmeras plataformas de autopublicação, o difícil é ser lido.

A iniciativa de autopublicar LAGOENA como uma série virtual foi principalmente por eu ser uma autora iniciante e por desejar ir contra a corrente por estratégia. O fato de eu ser uma autora desconhecida comprometeria e muito conseguir espaço numa editora de grande porte, a questão da estratégia foi sair da esfera de desconhecido para conhecido. Ao disponibilizar LAGOENA na internet eu pude contar com apoio dos blogueiros (como foi com o E.L.) para espalhar essa idéia pelo mundo virtual. A série conseguiu conquistar leitores fiéis que acompanham a história até o último episódio, retornando diariamente ao site BookSérie.

Eu corri riscos por tentar essa estratégia, claro que as editoras poderiam se afastar por achar que o livro tivesse perdido o valor comercial, mas não foi isso que aconteceu. Tive contato de algumas editoras querendo publicar o livro nesse período de 2 anos, uma declarou interesse antes mesmo da série ir para o ar, enquanto fazia divulgação pelo Skoob, porém eu teria que desistir da estratégia, preferir continuar a divulgar o livro como série virtual. Recebi o interesse de outras editoras, pequenas, mas com o intuito de valorizar o autor nacional, apresentei o original, foi aprovado, mas resolvi esperar uma melhor oportunidade, pois prezava muito por qualidade editorial além de uma boa capa. O livro chegou a ser aprovado pelo selo Novos Talentos, mas o custo é muito alto para publicar por lá. Depois, para minha grande surpresa tive o contato de uma editora conhecida do mercado, mandei o original como solicitado, mas a troca de administração impediu que Lagoena fosse à frente no processo de avaliação. Então, consegui que o livro passasse pela Draco e sei que o leitor não sairá perdendo com essa parceria.


EL: Dia 31 de outubro é Halloween e o Escolhendo Livros simplesmente A-D-O-R-A essa data. Se você fosse para um baile, qual fantasia escolheria?

Laisa: Escolheria me fantasiar de Helena, a donzela/bailarina morta do clipe do My Chemical Romance.

EL: Você já tem outros projetos em mente além de Lagoena?

Laisa: Tenho sim. Mas estes ainda são segredos.

EL: Não dá para deixar essa passar: Dê uma dica para os nossos leitores que gostariam de escrever um livro de fantasia.

Laisa: A melhor dica que posso dar é: apaixone-se pela literatura fantástica antes de começar a trabalhar com ela. Não a use por causa modinha ou para adquirir “fama” . É capaz de a fantasia achar que isso é traição e irá abandoná-lo. A fantasia é um bicho voraz e indomável, esteja disposto ser usado até lhe custar a sanidade.

Se você for mordido pelo bichinho da fantasia, não sentir o formigamento da imaginação e esse sintoma continuar persistindo, não procure um médico. Vá escrever outro gênero.


EL: Antes de nos despedir, fala para gente aonde podemos comprar Lagoena? Eu vou querer o meu na pré-venda, viu? HAHA!

Laisa: Creio que o maior ponto de venda vai ser a livrarias virtuais. A distribuição vai se concentrar mais no sul e sudeste, mas quem sabe não conseguimos espelhar por todo Brasil? Quem sabe...

Curtiram o papo com a autora? Em breve, mais informações sobre o lançamento de Lagoena!

Buh!



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