No dia 31 de agosto, mais precisamente às 9h30 da manhã, cheguei no Rio Centro com a alma lavada. Digo isso porque eu e os amigos que me acompanhavam conseguimos não pegar tanto engarrafamento no caminho para o local e tudo indicava que não iríamos pegar filas demasiadamente assustadoras. Afinal, havíamos chegado cedo; o pessoal que já estivesse ali provavelmente estava vindo na mesma maré que a nossa. Até mesmo quando saltamos do taxí e olhamos para os ônibus escolares entupidos de gente no estacionamento, pensei "Hey, lá dentro deve estar vazio ainda."
Que fique como um lembrete para próximas vezes:
Ah, como você é inocente, Trinta.
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Foto: Nikos Lima |
A entrada direta para o pavilhão laranja estava praticamente cuspindo gente para fora, uma bagunça visual claustrofóbica. Eram famílias com carrinhos de compra para um lado, encontro de blogueiras pro outro e muita gente (como sempre) se aproveitando das filas desorganizadas.
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Imagem meramente ilustrativa, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Ou não. |
Quanto a isso, deixe-me explicar o problema: Cada guichê dava para uma fila
teoricamente única, que serpenteava em várias curvas para caber dentro do salão de entrada. Porém, perto do balcão de ingressos, haviam barras de ferro montadas com o intuito de arrumar o povo horizontalmente aos guichês, para que os seguranças designassem as pessoas uma a uma em direção aos atendentes livres - Tipo uma fila de banco. Sabe o que isso significa?
Que a estratégia do começo da fila não foi a mesma do final. A técnica utilizada só mostrou o despreparo da equipe, pois as filas iam se condensando a medida que o povo se aproximava dos guichês de atendimento, misturando todo mundo em interseções apertadas, com direito a muito calor, cotoveladas e empurrões. Durante mais de uma 45/60 minutos, passamos um aperreio digno de Rock in Rio e eu, honestamente, concordo com o que o meu namorado disse: "Os organizadores do evento ainda veem a Bienal como aquela de 15 anos atrás, quando o número de visitantes era muito menor." Uma conclusão direta e precisa.
Assim que finalmente entrei no Pavilhão Laranja, senti o leitor dentro de mim dar cambalhotas de alegria. Quase todos os stands faziam promoções, disponibilizavam
bottoms e marcadores de texto. Logo de cara peguei uns muito bonitinhos de uma editora infanto-juvenil, incluindo um da
Brinque-Book. Perto de uma propaganda enorme da Globo, uma moça estava disponibilizando jornalzinhos com o mapa e eu não fui burro de deixar isso passar despercebido: Nele, ficava claro que boa parte das grandes editoras de ficção -
Intrínseca, Rocco, Arqueiro, Novo Conceito etc - estavam no Pavilhão Azul, o que significa que o Trinta já tinha um objetivo. Passeei rapidamente pelo Laranja e descobri que ele era voltado em geral para crianças de 1 a 8 anos, com promoções de cinco a dez reais em livros dobráveis e coloridos (Esses livros sempre costumam ser muito caros em livrarias, acreditem no meu deslumbre!). Minha amiga comprou vários para os seus alunos e disse que eram livros realmente bons (Ela é professora de maternal).
A diferença clara que você tem quando passa do Pavilhão Laranja para o Pavilhão Azul é visível, ou melhor, audível, pela quantidade de garotas histéricas por metro quadrado. Caso não saibam, no auditório Rachel de Queiroz aconteceria um encontro de fãs com o autor Nicholas Sparks, o queridinho das adolescentes. Particularmente, eu não sou fã de seus livros (Já li Querido John e A Última Música, e apesar do segundo ser tragável, já entendi a fórmula do xarope de ouro do sujeito) mas queria ver a palestra inicial porque não dá pra negar que o sujeito é um grande nome da literatura mundial. Sou do partido que toda experiência gera conhecimento e não me faria mal ir lá bater o cartão, né? Pois é. Agora vamos voltar para o lembrete inicial...
Ah, como você é inocente, Trinta.
A fila estava dando VOLTAS no pavilhão, as garotas estavam gritando "COMEÇA, COMEÇA!" a cada rangido da porta e ainda faltavam horas pro indíviduo chegar para a palestra. A mesma amiga que comprou os livros infantis foi para lá com o namorado (Corajoso o menino) e disse que estava impossível de esperar ali e acabaram desistindo de participar do programa. Não que eu exatamente culpe os fãs (eu faria a mesma coisa pela J.K Rowling e a Lionel Shriver, por exemplo), mas eu fique triste pela mãe de uma amiga que veio com a gente - uma senhora já idosa que é fã assídua do Sparks - não conseguir entrar na fila. Não dava para correr o risco. Mas felizmente eu e ela tivemos uma recompensa muito legal quando entramos na Editora Nova Conceito ainda vazia. Já já eu explico.
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Foto: Nikos Lima |
Como vocês podem ver aí em cima, esse é o stand que eu mais gostei da Bienal no quesito estética. Ficou realmente bem elaborada a fachada de livros, por mais que nenhum dos títulos escolhidos seja do meu gosto (Mas eu entendi que eles queriam enaltecer os últimos lançamentos do mês). Por sorte, assim que entrei com a mãe da minha amiga, nós dois conseguimos uma senha para a fila de autógrafos com a Emily Giffin, uma autora que eu só conhecia por ser a dona da série
Something Borrowed, que deu origem para um filme de 2011 com a Kate Hudson e a Ginnifer Goodwin (A Branca de Neve de
Once Upon a Time!). A equipe da editora é muito simpática, exalando um carinho pelo seu trabalho visível desde o jeito educado de lidar com os fãs até a forma como arrumavam o
stand. E foi bem aí que a Bienal sofreu um dos seus maiores problemas do dia: Durante várias horas, o Pavilhão Azul ficou com problemas no sistema de cartão de crédito e débito local e as únicas compras aceitas eram em dinheiro vivo. Muita gente, incluindo o meu grupo, passou sufoco nessa hora - Até porque, eu já estava na fila para comprar o
Uma Prova de Amor da Emily Giffin.
Obviamente eu comprei um livro da dita cuja para não pagar o mico de ir pedir autógrafo sem nada para ela assinar. Quando nós voltamos quase no fim do dia para pegar o autógrafo (Meu número era 385), ela já estava MORTA de cansada e tudo que consegui falar na hora era "
I'm so excited to get to know your work" (
Estou muito empolgado para conhecer o seu trabalho em inglês). Ela respondeu com um "
Thank You" super alheio de quem estava pedindo arrêgo a horas e eu acabei ficando com um pouco de peninha. Se um dia eu ficar famoso, tenho medo de como deve ser aguentar horas de
assina, foto, assina, foto.
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Foto: Nikos Lima |
Além disso, um grande destaque da Bienal foi o trono do Game of Thrones montado pela
Editora LeYa. Adorei a forma de divulgação e acredito que muita gente se sentiu ao tirar fotinhas ~poderosas~ no tronão.
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Oi. |
Outro momento foto que tive foi com o
Wimpy Kid do "Diário de um Banana", que rebolava para as fotos mais que uma tchuchuca do Funk. Achei-o super animado e quase não consegui segurar o riso para a câmera. Palmas para a Editora
Vergara & Riba!
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Pensando um pouco agora, ele parece com o filho do Slender. |
Para que eu não precise detalhar cada
stand que eu visitei pela Bienal, fica aqui as comprinhas que eu fiz no evento:
1) Necrópolis, do brasileiro Douglas MCT. Editora Gutenberg - Comprei no stand aonde a Paula Pimenta, autora do Minha Vida Fora de Série, estava fazendo sessão de autógrafos. Ela parecia uma fofa e estava falando para Deus e o mundo que o seu novo vício era a série Divergente! Será que ela já sabe sobre o filme?
2) Cidade Mágica, Drew Lerman. Editora Bertrand Brasil. - Fui capturado pelo "Quem leu O Apanhador no Campo de Centeio vai gostar desse livro". O Stand da Editora tava muito bom também, com uma variedade interessante de títulos. Meu namorado comprou o livro do Starcraft (Ele só lê coisa de videogame, praticamente) e acredito ter sido o stand que ele mais se divertiu, com exceção dos stands de HQs (Comix, Panini e Devir).
3) Death Note, Black Edition Vol.1, Tsugumi Ohba. Editora JBC. - O Stand que comprei mais quadrinhos foi na Comix que estava LO-TA-DO de gente. Sempre quis dar uma chance pra DH e acredito que essa edição nova, mais bonitinha, me ajudou bastante a criar coragem para voltar a ler mangá. P.S: Eu terminei o volumão antes mesmo de voltar de viagem, tão bom que a história era. Recomendo!
4) Estado de Graça, Ann Patchett, Editora Intrínseca. - Tava apenas dez reais na Intrínseca, então decidi dar uma chance. O livro narra a história de uma médica que viaja para a Amazônia Brasileira a procura da casca de uma planta que pode resolver o problema de fertilidade feminina em todo o mundo e, aparentemente, a autora ganhou o Prêmio Orange pela obra. 5) O Jogo do Exterminador, Orson Scott Card. Editora Devir. Esse livro é um clássico da ficção científica RARÍSSIMO de encontrar. Encontrei uma edição no stand da Devir, quase chorando de emoção. Para quem não sabe, no final do ano ele virará filme com o Harrison Ford e a Abigail Breslin. 6) Dupla Falta, Lionel Shriver. Editora Intrínseca. Finalmente vou ler mais um livro da minha autora preferida! E é claro que eu comprei também... 7) Tempo é Dinheiro, Lionel Shriver. Editora Intrínseca. Que é o que eu acho que vou mais gostar simplesmente pelo tema polêmico: Saúde Pública. Já consigo até imaginar o quanto a língua ferina da Lionel vai atacar.
Gostaram do post? Pois eu adorei escrevê-lo, principalmente para relembrar o quanto eu me diverti e sonhei ali dentro. Se você foi na Bienal do Livro, não deixe de comentar um pouco de como foi participar do evento! Queremos ouvir a sua opinião também.

Até a próxima, leitores! ;)
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